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Flávio Bolsonaro sugere intervenção dos EUA no Rio para combater tráfico de drogas

Senador mencionou supostas embarcações que “inundam o Brasil de drogas”; oposição acusa família Bolsonaro de incitar intervenção estrangeira

Flávio Bolsonaro sugere intervenção dos EUA na Baía de Guanabara para combater tráfico de drogas

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sugeriu nesta quinta-feira (23) que os Estados Unidos realizem ações contra o tráfico de drogas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A declaração foi feita em publicação no X (antigo Twitter), ao comentar um post do secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth.

Hegseth havia informado que, sob ordens do presidente Donald Trump, os EUA realizaram um novo ataque contra uma embarcação suspeita de transportar drogas no Oceano Pacífico. Segundo ele, o barco fazia parte de uma rota internacional de narcotráfico e três pessoas foram mortas na operação.

A mensagem do senador

Ao compartilhar a publicação, Flávio Bolsonaro escreveu:

“Que inveja! Ouvi dizer que há barcos como este aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?” A fala repercutiu imediatamente nas redes sociais, sendo interpretada por aliados como um elogio à política de segurança americana e, por críticos, como um apelo por intervenção estrangeira no país.

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A resposta da oposição

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), reagiu duramente à declaração. Em nota, afirmou que a fala do senador representa “um ataque direto à soberania nacional”.

“O Brasil está sob ataque da família Bolsonaro, numa escalada de golpe continuado que agora busca legitimar uma intervenção estrangeira contra o nosso país. Tudo começou com a defesa de sanções internacionais, revogação de vistos de autoridades brasileiras, aplicação da Lei Magnitsky e até a imposição de tarifas econômicas. Eduardo Bolsonaro já havia pedido que porta-aviões americanos atracassem no Lago Paranoá”, disse.“ Ontem, pela primeira vez na história, um senador da República, Flávio Bolsonaro, defende que uma potência estrangeira realize um ataque militar ao próprio país, pedindo que os EUA bombardeiem embarcações na Baía de Guanabara sob o falso pretexto de combater o narcotráfico.”

“É o mesmo modus operandi da extrema-direita: espalhar mentiras para atentar contra a soberania nacional e tentar desestabilizar o país do ponto de vista político e econômico. Fazem isso justamente agora, às vésperas do encontro entre Lula e Trump, porque temem o isolamento internacional da extrema-direita e o fortalecimento de um Brasil soberano, respeitado e líder no diálogo democrático global.”

Contexto da declaração americana

Na postagem original, o secretário de Defesa dos EUA afirmou:

“Hoje, sob a direção do Presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou mais um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada (DTO). Mais uma vez, os terroristas, agora falecidos, estavam envolvidos no narcotráfico no Pacífico Oriental. Nossa inteligência sabia que a embarcação estava envolvida no contrabando ilícito de narcóticos, transitava por uma rota conhecida de narcotráfico e transportava narcóticos. Três narcoterroristas homens estavam a bordo da embarcação durante o ataque, que foi realizado em águas internacionais. Todos os três terroristas foram mortos e nenhuma força americana foi ferida neste ataque. Esses ataques continuarão, dia após dia. Eles não são simplesmente traficantes de drogas, são narcoterroristas trazendo morte e destruição às nossas cidades. Essas DTOs são a ‘Al-Qaeda’ do nosso hemisfério e não escaparão da justiça. Nós os encontraremos e os mataremos, até que a ameaça ao povo americano seja extinta.”

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.