Em meio a privatização, Copasa faz segundo leilão de veículos em menos de um mês

Lista de veículos tem mais de 300 itens e a soma dos lances mínimos chega a R$ 5,5 milhões

Veículos listados no último edital de leilão da Copasa

A Copasa anunciou, nesta sexta-feira (14), o leilão de 152 veículos da companhia. Entre os itens listados no modelo de ‘alienação administrativa’ estão motocicletas, triciclos e caminhões. O valor do lance inicial para cada bem varia de R$ 3,1 mil até R$ 141,3 mil. Cálculo feito pela Itatiaia a partir da listagem de cada bem mostra que o preço total da listagem a ser leiloada pela companhia de saneamento chega a R$ 4 milhões.

Entre os veículos há caminhões com quase cinco décadas de uso, como um caminhão pipa fabricado em 1976 cujo lance inicial está avaliado em R$ 12,7 mil. Há outros oito caminhões fabricados na década de 1980 entre os itens.

O edital publicado nesta sexta é o segundo em menos de um mês. Em 24 de outubro, a Copasa colocou 155 veículos a venda, também no formato de leilão. Desta feita, o valor somado dos itens chega a quase R$ 1,5 milhão. O menor valor inicial é para uma motocicleta avaliada em R$ 1,5 mil e o maior é para um caminhão avaliado em R$ 51,7 mil.

O processo de privatização da Copasa está em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O PL 4.380/2025 está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

A Itatiaia questionou a companhia de saneamento sobre a motivação para a realização dos leilões e sobre a possibilidade da reposição dos veículos vendidos por uma nova frota. Até a última atualização desta matéria, não houve resposta.

Os debates sobre o futuro da companhia de saneamento do estado pautam a Assembleia desde o fim de setembro. Antes do PL que trata, efetivamente, sobre a privatização da companhia, os deputados discutiram e aprovaram uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que derruba a exigência de um referendo popular para autorizar a venda da Copasa.

Durante todo o período, servidores da companhia acompanhar as votações lotando as galerias e corredores da Casa em protesto pela manutenção da Copasa como uma empresa estatal.

A privatização da Copasa

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisa retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Leia também

Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

Ouvindo...