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Governo e oposição travam batalha por comando da CPI do Crime Organizado

Senadores negociam a presidência da comissão enquanto relatoria pode ficar com Alessandro Vieira (MDB), autor do requerimento

Senador Márcio Bittar fala sobre CPI do Crime Organizado

A CPI do Crime Organizado será oficialmente instalada nesta terça-feira (4) no Senado Federal. Às vésperas da reunião, as articulações políticas seguem intensas para definir quem ocupará os principais cargos da comissão.

Em conversa com a Itatiaia, o senador Márcio Bittar (União-AC) afirmou que o grupo de oposição pretende garantir o comando da CPI e revelou os nomes que estão sendo debatidos internamente. Segundo ele, o senador Magno Malta (PL-ES) é um forte nome inicialmente cotado para presidir os trabalhos, mas enfrenta problemas de saúde. Caso ele decida não assumir, o substituto natural seria Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

“O Flávio está coordenando as conversas. Se o Magno abrir mão, ele é o nome mais indicado. Entre nós há consenso”, afirmou Bittar.

Para tentar driblar a a maioria da base governista, o senador adiantou que há uma negociação em curso com parlamentares do centrão em torno do nome escolhido pela oposição. Nesse cenário, a presidência ficaria com a oposição e a relatoria com o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que criou a CPI.

“Se houver esse entendimento, é o mais civilizado. O Alessandro tem se mostrado um senador equilibrado, sem postura radical”, disse. Bittar afirmou ainda que a oposição acredita ter votos suficientes para controlar tanto a presidência quanto a relatoria, mas defende um arranjo que evite impasses nas primeiras semanas de trabalho.

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A comissão foi criada para investigar a expansão do crime organizado no país e possíveis falhas de atuação do Estado. A expectativa é que os senadores convoquem especialistas em segurança pública, autoridades policiais e representantes do Judiciário para debater o tema.

“Há milhões de brasileiros vivendo sob o domínio de facções. É preciso enfrentar isso com firmeza e punição efetiva”, defendeu. Questionado sobre o caráter técnico ou político da CPI, o senador afirmou que o tema “inevitavelmente terá carga política”, mas garantiu que os trabalhos incluirão especialistas e agentes com experiência prática no combate ao crime.

“Vamos chamar pessoas da lei, delegados e quem vive essa realidade no dia a dia”, disse. Márcio Bittar participará da sessão de instalação como suplente do senador Sergio Moro (União-PR), que está em viagem.

Governo tenta emplacar presidente

Para evitar um revés na disputa da comissão, o governo Lula se mobilizou e fez um mapeamento de votos, projetando que a presidência fique nas mãos dos senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Jaques Wagner (PT-BA).

Apontado como favorito para o comando da CPI, Contarato tem formação na área de segurança pública e é visto por aliados como um nome de perfil técnico e moderado, capaz de reduzir o embate político dentro da comissão.

A CPI será composta por 11 titulares e 7 suplentes. Do lado oposicionista, já estão confirmados Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Sergio Moro (União Brasil-PR) e Marcos do Val (Podemos-ES). Entre os governistas, integram o grupo Rogério Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner, Otto Alencar (PSD-BA), Nelsinho Trad (PSD-MS) e Jorge Kajuru (PSB-GO).

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio