Uma denúncia por quebra de decoro parlamentar deve ser protocolada nos próximos dias na Câmara Municipal de Belo Horizonte e
Segundo apurou a Itatiaia, advogados estão finalizando o documento que será entregue à presidência da Casa. A representação não deve ser assinada por nenhum vereador, mas fontes internas afirmam que já existe maioria para dar andamento ao processo: pelo menos 21 dos 41 parlamentares estariam dispostos a abrir a investigação.
A cassação por quebra de decoro ocorre quando a Câmara entende que o vereador adotou condutas incompatíveis com a ética e a dignidade do mandato. O procedimento começa com a apresentação formal da denúncia e segue para análise dos próprios vereadores, que decidem se haverá ou não punição — que pode chegar à perda do mandato.
Eleito com 10.753 votos e conhecido pela atuação na causa animal, Lucas Ganem cumpre seu primeiro mandato. Ele passou a ser investigado pela Polícia Federal no início deste ano sob suspeita de ter declarado à Justiça Eleitoral um endereço em Belo Horizonte onde nunca teria residido, com o objetivo de disputar as eleições na capital.
O parecer recente do Ministério Público Eleitoral, favorável à cassação, acelerou as articulações internas. Entre os fatores que têm impulsionado o movimento estão críticas de que o Legislativo estaria transmitindo uma imagem de omissão.
Além disso, já há incômodo com pautas tradicionalmente defendidas por outros parlamentares e que teriam sido apropriadas por Ganem. Do lado de fora do Legislativo, há também pressão de grupos políticos e ex-vereadores não reeleitos, que apontam a vitória do vereador em 2024 como decisiva em suas derrotas.
Outro ponto que pesou é a possibilidade de demora no julgamento do processo na Justiça Eleitoral movido pelo ex-vereador Rubão (Podemos). Ganem deve concorrer a deputado estadual em 2026, e parte dos vereadores teme que uma eventual decisão judicial só saia após o novo pleito.
Pressão sobre a presidência da Câmara
A movimentação de bastidores já chegou ao comando da Casa. Vereadores têm cobrado publicamente uma posição do presidente da Câmara, Professor Juliano Lopes (Podemos).
Na sessão da última terça-feira (11), parlamentares usaram o plenário para apontar condutas consideradas irregulares por parte de Ganem. Entre as críticas, está o fato de assessores do vereador também não terem apresentado comprovante de residência em Belo Horizonte.
A reportagem apurou que até nesta quarta-feira (26), ainda não foi recebida nenhuma denúncia formal contra o parlamentar na presidência da Câmara.
Procurado, o vereador Lucas Ganem ainda não se manifestou. O espaço permanece aberto.
