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Boulos diz que Lula é contra privatização da Copasa e nega exigência do Propag

Ministro do governo Lula afirmou que governador Romeu Zema precisa assumir a responsabilidade por suas decisões e negou que programa federal tenha exigência sobre privatização da Copasa

Ministro Guilherme Boulos fez duras críticas ao governo Zema em entrevista exclusiva à Itatiaia

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), afirmou, em entrevista exclusiva à Itatiaia nesta quarta-feira (5), que o governo Lula é contra a privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e que não houve exigência no Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag) sobre a venda da companhia.

“Eu vi gente do governador Zema justificando a privatização como se fosse uma exigência do Propag, do governo federal. Isso não é verdade. O acordo de renegociação da dívida, costurado pelo presidente Lula e pelo senador Rodrigo Pacheco, este acordo prevê alguns casos que isso fosse até o fim de 2026. Em nenhum momento se colocou a exigência de privatização. Zema tem que assumir a responsabilidade pelas decisões dele. Ele que decidiu privatizar a Copasa. O governo federal não defende a privatização do saneamento. Somos contra”, afirmou Boulos.

A privatização da Copasa terá votação decisiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (5). A PEC do Referendo, que acaba com a exigência de uma consulta popular para a venda da estatal, foi aprovada em primeiro turno e será votada em segundo turno.

Exemplo da Sabesp

O ministro afirmou que o exemplo de São Paulo, com a privatização da Sabesp, mostra que a entrada do setor privado na área do saneamento gera aumento de custos e piora na qualidade dos serviços.

“Eu sou de São Paulo, veja o que aconteceu lá. Privatizaram a maior companhia de água e esgoto da América Latina, que é a Sabesp. Sabe o que aconteceu meses depois da privatização? Piorou a qualidade do serviço e aumentaram as contas. Quando o setor privado assume um serviço essencial, é para lucrar. Essa é a lógica do setor privado. Então, lucrar em cima da água das pessoas vai levar ao aumento de contas e redução de investimentos. Sou solidário aos trabalhadores e ao povo de Minas que são contra a privatização. E mais, se a privatização é boa como o governador fala, porque ele retirou o referendo?

A Sabesp, no entanto, afirma que não aumentou o preço da conta de água de São Paulo após ser privatizada, pelo contrário, reduziu a tarifa. Segundo a diretora-executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade da empresa, Samanta Souza, os números mostram que houve redução.

“Não aumentou, a tarifa reduziu 0,6%. No momento da desestatização, 1% para o residencial, 0,5% para o comércio e indústria e 10% para baixa renda. Esse pacote deu uma redução de 0,6%. A capital de São Paulo foi a única que teve redução, e olhando as capitais do Brasil como um todo, de 2024 para 2025, foi a única capital que teve redução no valor da conta em relação ao Brasil como um todo”, pontuou.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Edilene Lopes é jornalista, repórter e colunista de política da Itatiaia e podcaster no “Abrindo o Jogo”. Mestre em ciência política pela UFMG e diplomada em jornalismo digital pelo Centro Tecnológico de Monterrey (México). Na Itatiaia desde 2006, já foi apresentadora e registra no currículo grandes coberturas nacionais, internacionais e exclusivas com autoridades, incluindo vários presidentes da República. Premiada, em 2016 foi eleita, pelo Troféu Mulher Imprensa, a melhor repórter de rádio do Brasil.