Parlamento da Argélia aprova lei que exige ‘reparação’ do governo francês por colonização

Os deputados aprovaram o texto por unanimidade nesta quarta-feira (24), acirrando as relações diplomáticas entre os dois países

A Argélia foi uma colônia da França entre 1830 até 1962.

O Parlamento da Argélia, no Norte da África, aprovou por unanimidade uma lei que considera a colonização francesa — ocorrida no país entre 1830 e 1962 — um crime e exige ações de reparação por parte da França.

A legislação, aprovada pelos parlamentares, determina que a França assuma “a responsabilidade legal pelo passado colonial da Argélia e pelas tragédias provocadas” pela colonização.

No momento da votação, os deputados usavam lenços verdes, brancos e vermelhos, simbolizando as cores da bandeira da Argélia.

O presidente do Parlamento, Brahim Boughali, comemorou a aprovação da proposta e citou “crimes da colonização francesa” que classificou como “imprescritíveis”.

A legislação busca garantir uma “indenização completa e justa por todos os danos materiais e morais gerados” pelo governo francês.

O pesquisador especializado em história colonial da Universidade de Exeter, no Reino Unido, Hosni Kitouni, disse à Agência France-Presse (AFP) que a lei “não tem alcance internacional” e não afeta juridicamente a França. “Ela é relevante política e simbolicamente porque marca uma ruptura na relação com o governo francês em termos de memória”, afirmou.

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Antes da aprovação do texto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França, Pascal Confavreux, recusou-se a comentar o projeto, alegando que a inclusão na legislação de outro país não diz respeito ao governo francês.

O período de colonização francesa na Argélia foi marcado por deportações e conflitos em larga escala, segundo historiadores, que culminaram na guerra que levou à independência do país.

De acordo com historiadores franceses, a guerra de independência deixou cerca de 500 mil mortos, a maioria argelinos. As autoridades da Argélia, no entanto, estimam cerca de 1,5 milhão de vítimas durante o conflito.

Em 2017, o presidente da França, Emmanuel Macron, declarou, ainda como candidato, que a colonização da Argélia foi “um crime contra a humanidade”. Já no exercício da Presidência, em 2021, o líder francês descartou um pedido formal de desculpas ao país africano.

*** Com informações de AFP.

Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já foi produtora de programas da grade e repórter da Central de Trânsito Itatiaia Emive.

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