Venezuela prevê até 20 anos de prisão para quem apoiar bloqueio dos EUA

Medida foi adotada em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos e à recente apreensão de navios com petróleo venezuelano no Caribe

Legislação ainda aguarda promulgação do presidente Nicolás Maduro

A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou nesta terça-feira (23) uma lei que prevê penas de 15 a 20 anos de prisão para quem executar, promover ou apoiar ações consideradas de pirataria, bloqueio ou outros atos ilícitos internacionais contra a navegação e o comércio marítimo do país. A medida foi adotada em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos e à recente apreensão de navios com petróleo venezuelano no Caribe pela Marinha americana.

O texto estabelece que qualquer conduta que favoreça, facilite ou apoie esse tipo de ação será punida com reclusão de até duas décadas, além de multas econômicas como penas acessórias. A legislação ainda aguarda promulgação do presidente Nicolás Maduro e posterior publicação na Gazeta Oficial para entrar em vigor.

Presidente do Legislativo unicameral desde 2021 e aliado de Maduro, Jorge Rodríguez afirmou que a norma foi batizada de “lei da dignidade contra os piratas e corsários do Caribe”, em referência direta aos Estados Unidos. Segundo ele, o objetivo é criar mecanismos legais para proteger empresas nacionais e estrangeiras que mantêm relações comerciais com a Venezuela diante de atos que atentem contra a liberdade de navegação.

Momento de tensão

A iniciativa ganhou força após forças armadas dos EUA apreenderem, no último sábado (20), um navio petroleiro próximo à costa venezuelana. Essa foi a segunda ação do tipo em menos de duas semanas. Washington afirma que as operações fazem parte da pressão do governo do presidente Donald Trump contra Maduro.

Além das penas de prisão, a lei prevê a reparação de danos e a proteção dos direitos dos Estados sob cuja bandeira os navios estejam registrados, reforçando a jurisdição e a nacionalidade das embarcações afetadas por ações de bloqueio ou uso da força fora de jurisdição.

Desde setembro, os Estados Unidos intensificaram a presença militar no Caribe e no Pacífico sob o argumento de combate ao narcotráfico, com 28 ataques a pequenas embarcações suspeitas. Ao menos 104 pessoas morreram nessas operações.

Trump acusa a Venezuela de usar o petróleo para financiar o tráfico de drogas e outros crimes e promete ampliar a ofensiva até a devolução de petróleo, terras e ativos. O governo venezuelano rejeita as acusações e afirma que Washington busca promover uma mudança de regime e se apropriar de recursos naturais do país.

* Informações com Agência Estadão

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