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Emmanuel Macron dissolve parlamento e convoca novas eleições na França; entenda

Partido do presidente francês perdeu as eleições para o Parlamento Europeu para o partido de Marine Le Penn, política de extrema-direita; Macron qualificou derrota como um “perigo” para Europa

Macron anunciou novas eleições em discurso televisionado

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, neste domingo (9), a dissolução do parlamento francês e a convocação de novas eleições legislativas no país. A decisão aconteceu após a derrota do seu partido nas eleições do Parlamento Europeu.

O partido de extrema direita Rassemblement National (RN, Reunião Nacional) conquistou quase um terço dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu na França, muito à frente da aliança centrista do presidente Emmanuel Macron, segundo estimativas. O partido vencedor é liderado por Marine Le Pen, política populista de extrema-direita.

Em uma mensagem televisionada, Macron chamou a atenção para a ascensão da extrema direita na Europa. “Dentro de instantes assinarei o decreto de convocação das eleições legislativas cujo primeiro turno vai acontecer em 30 de junho e o segundo turno em 7 de julho”, disse. O presidente francês ainda qualificou o “aumento dos nacionalistas e demagogos” como um “perigo”.

O resultado das eleições europeias “não é um bom resultado para os partidos que defendem a Europa”, alertou Macron.

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Candidato de extrema direita teve um terço dos votos

O candidato de extrema direita francês, Jordan Bardella, de 28 anos, obteve entre 31,5% e 32,4% dos votos, seguido de longe pela candidata de situação Valérie Hayer (15,2%) e pelo socialista Raphaël Glucksmann (14% a 14,3%), de acordo com estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos.

“Esta tarde trouxe um vento de esperança para a França e está apenas começando”, comemorou Bardella, que havia pedido ao presidente a dissolução da Assembleia Nacional (câmara baixa francesa) e eleições antecipadas, diante de seus simpatizantes.

“Emmanuel Macron é esta noite um presidente enfraquecido” por esta “derrota estrondosa” e “não pode permanecer surdo à mensagem” enviada com esses resultados, acrescentou o candidato de extrema direita. “Esta derrota sem precedentes marca o fim de um ciclo”, assegurou.

Duro golpe para Macron

A vitória de Bardella representou um duro golpe para Macron e seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, que se envolveram amplamente na reta final da campanha com o objetivo de frear a extrema direita, que segundo o presidente francês poderia “bloquear” a União Europeia.

O resultado do RN, um dos melhores de sua história, confirma os esforços de sua líder, Marine Le Pen, para dar uma imagem mais moderada ao partido que herdou em 2018 de seu pai, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas, e pode impulsionar suas chances para a eleição presidencial de 2027.

Em 2022, Macron venceu Marine Le Pen no segundo turno das eleições com 58,54% dos votos, quase oito pontos a menos do que em 2017, quando derrotou sua rival com 66,1% dos votos. Mas meses após sua reeleição em 2022, o presidente francês, que não poderá se candidatar em 2027, perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas e o RN se tornou o principal partido da oposição na câmara baixa.

“Macronismo está acabado”

Em um contexto de ascensão da extrema direita na União Europeia, o partido herdeiro da Frente Nacional (FN) escolheu novamente como cabeça Bardella, cuja imagem e biografia cuidadosamente elaboradas parecem romper com a história de seu partido.

Bardella nasceu em uma família de origem italiana e cresceu sob os cuidados de sua mãe em um prédio de habitação social nos subúrbios de Paris. Em 2021, ele chegou à presidência do RN, embora a líder de fato seja Marine Le Pen.

A aposta neste jovem convenceu desde o início os franceses, de acordo com as pesquisas, e rondou os 33% dos votos durante semanas. Seu programa foi o tradicional da extrema direita contra a “imigração em massa” e a “desintegração da França”.

Além das listas lideradas por Bardella, Hayer e Glucksmann, os outros partidos que conseguiram representação no Parlamento Europeu pela segunda maior economia da UE são França Insubmissa (esquerda radical, de 8,3% a 8,7%) e Os Republicanos (direita, de 7% a 7,2%), segundo as estimativas.

O Reconquista (extrema direita) e os ecologistas do EELV estão em torno de 5%, o limite para obter representação eleitoral. A soma do RN e do Reconquista sugere que a extrema direita se aproxima dos 40% dos votos na França.

“Pode-se ver que o macronismo está acabado”, celebrou o líder dos Republicanos, Éric Ciotti, cujo partido de direita tradicional apoiou, no entanto, as principais leis de Macron, como a reforma migratória e o aumento da idade de aposentadoria.

*Com informações de AFP


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