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Bertha Maakaroun | Morte de JK foi um acidente ou um atentado político?

Historiadora Maria Cecília de Oliveira Adão está debruçada sobre um novo trabalho de investigação e pesquisa

A menos de um ano do cinquentenário da morte de Juscelino Kubistchek, em 22 de Agosto de 1976, há uma pergunta ainda não respondida: foi um acidente ou foi um atentado político? Por que o motorista Geraldo Ribeiro que dirigia o carro de JK na Rodovia Presidente Dutra - que une São Paulo ao Rio - perdeu o controle do automóvel, atravessou a pista e bateu de frente em uma carreta que vinha na direção oposta?

Para responder a essa pergunta a historiadora Maria Cecília de Oliveira Adão está debruçada sobre um novo trabalho de investigação e pesquisa realizado pelo perito engenheiro Sergio Ejzenberg, divulgado em 2021. Ele descartou a tese oficial de que Geraldo Ribeiro teria perdido o controle do carro porque teria havido uma colisão com um ônibus da empresa Cometa. Segundo o especialista, após o acidente, a destruição do carro de JK, um Opala no pátio da Delegacia de Resende (RJ), impediu análises aprofundada. O motorista que dirigia o ônibus Josias Nunes de Oliveira, negou em depoimento em 2013 na Assembleia Legislativa, que teria havido uma colisão do carro de JK com o ônibus. Ele contou que no dia seguinte, foi chamado pelo setor jurídico da empresa e questionado. “Depois disso, minha vida acabou. Simularam tinta no veículo em que estava o ex-presidente na lataria do ônibus e, com isso, fui indiciado pelo acidente”, relatou ele em audiência na Assembleia de Minas em 2013.

O caso JK foi reaberto pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) em 2024. Em entrevista a esta coluna, a relatora Maria Cecília de Oliveira Adão explica que este é um caso que busca o reconhecimento da verdade histórica, corrigir algo que sempre causou dúvida. Devido à extensa documentação e complexidade do caso, ainda não há previsão de data para a conclusão do relatório.

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Jornalista, doutora em Ciência Política e pesquisadora