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Bebê no Plenário, acusações de golpismo e prece pela pacificação: tensão marca tentativa de retomada dos trabalhos na Câmara

Motta chegou a ameaçar com a suspensão cautelar do mandato por seis meses dos mandatos de deputados que não obedecerem

Plenário da Câmara é ocupado por deputados de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

A tensão marcou a tentativa de retomada dos trabalhos na Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (6). O presidente da Casa, Hugo Motta, determinou que uma sessão plenária fosse realizada a partir das 20h30, mas os protestos de bolsonaristas atrasam o início dos trabalhos. Motta chegou a ameaçar com a suspensão cautelar do mandato por seis meses dos mandatos de deputados que não obedecerem.

A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC), que participa da ocupação do Plenário da Câmara, levou a filha de quatro meses à manifestação e causou tensão com governistas, que defendem que ela pode ser responsabilizada por usar a criança para impedir que seja retirada do local. “Fere o estatuto da criança e do adolescente, toda a legislação brasileira. É uma irresponsabilidade”, declarou a deputada petista Maria do Rosário.

Lindbergh Farias (PT) chegou a dizer que acionou o Conselho Tutelar contra a colega de Câmara. “Temos que retomar a cadeira hoje, porque se não é a vitória da ameaça, de quem usa a força”, argumentou.

“O consenso que a gente aceita é pautar a anistia. Não podemos aceitar essa posição de não pautar a anistia. Vamos lembrar aqui que Glauber Braga (PSOL) ficou lá em uma sala das comissões e não ameaçaram tirar com a Polícia Legislativa. Por que com a gente querem fazer isso?”, questionou Zanatta em conversa com jornalistas.

O deputado federal Rogério Correia (PT) afirma que há uma estratégia de “golpe permanente”. “Querem tentar calar a voz do povo, articular com o Trump para ver se desestabiliza o país social, política e juridicamente, e aí surge o golpe. Esse golpe foi tentado diversas vezes”, defendeu o parlamentar.

Correia afirmou que vai entrar “contra vários deles” no Conselho de Ética na quinta-feira (7). “É um crime contra a democracia e contra a soberania”, acrescentou.

Em meio à escalada, o deputado federal Pastor Isidório (Avante) fez uma prece na Câmara pedindo pela pacificação dos conflitos. “Queremos te pedir que tome o controle sobre essa nação. Que todo espírito de rebeldia, todo espírito de rebelião seja mandado embora”, disse.

No Senado

Em meio à obstrução da oposição, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil), informou que a sessão deliberativa da Casa nesta quinta-feira (7) será realizada “temporariamente em sistema remoto”. De acordo com ele, a decisão tem como objetivo “garantir o funcionamento da Casa” e impedir que a pauta seja paralisada.

“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, afirmou o senador, em nota à imprensa.

O parlamentar afirma ainda que o Senado seguirá votando matérias “de interesse da população” e cita pautas como o projeto que assegura a isenção do Imposto de Renda para certas faixas. “A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, concluiu Alcolumbre.

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Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.
Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.