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Assassinato de gari em BH mobiliza audiência pública na ALMG e gera pedidos por justiça

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia afirmou que o colegiado irá aprovar requerimentos a serem enviados às autoridades competentes

Na audiência, a viúva de Laudemir usou o uniforme semelhante ao que o marido usava em serviço.

O assassinato do gari Laudemir Fernandes, no último dia 11, mobilizou uma audiência pública nesta quarta-feira (20) na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ao final da sessão, a deputada Bella Gonçalves (PSOL), presidente do colegiado, indicou que serão votados requerimentos com pedidos relacionados ao caso, incluindo:

  • O envio de notas taquigráficas para o Tribunal Regional do Trabalho, ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, à Polícia Civil (PCMG), à presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, ao Ministério do Trabalho, à Prefeitura de Belo Horizonte e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
  • Pedido para que a Prefeitura de BH acompanhe, de forma rigorosa, as condições de trabalho dos profissionais da limpeza urbana, garantindo o pagamento dos adicionais de periculosidade e insalubridade.

A viúva de Laudemir, Liliane França da Silva, e a mãe dele acompanharam a audiência, que contou com a presença de representantes da prefeitura da capital mineira, da PCMG e do superintendente regional do Ministério do Trabalho em Minas, Carlos Calazans. "É muito importante, algo que todos os garis buscam. Todos os amigos dele [Laudemir], de serviço, os colegas de trabalho, continuam fazendo o serviço: limpando as ruas. Isso precisa ser feito. É necessário que se faça justiça e com respeito, pois eles continuam na luta”, disse a esposa do gari em conversa com a imprensa.

Para a reportagem, a deputada Bella afirmou que a Comissão irá seguir acompanhando o curso das investigações, assim como os desdobramentos para evitar que crimes como o de Laudemir se repitam. “Esperamos que essa audiência possa motivar essa provocação aos órgãos [que serão destinatários dos requerimentos] e que isso possa, de fato, fazer justiça para Laudemir e para todos os garis, que merecem trabalhar em boas condições e não com invisibilidade, violência, descaso e precarização, que é a realidade que atravessa essa profissão”, relatou.

Empresário confessa autoria do crime

O empresário Renê Nogueira Júnior, de 47 anos, confessou ter matado o gari Laudemir Fernandes, de 44 anos. O crime ocorreu no último dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, na região Oeste de Belo Horizonte.

O gari, que estava em serviço, foi baleado após o empresário exigir que o caminhão de lixo “saísse” do caminho. Após ameaçar a motorista do veículo, Renê desceu do carro e disparou contra os profissionais, atingindo Laudemir.

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O investigado foi preso horas depois, mas apenas na última terça-feira (19) confessou ser o autor do crime.

Renê é casado com a delegada da PCMG, Ana Paula Lamego Balbino Nogueira. As investigações apontam que a arma usada para cometer o assassinato era da policial.

Em depoimento, Renê confessou o crime e afirmou que a esposa não sabia que ele havia pegado a arma. O Ministério Público pediu o bloqueio de R$ 3 milhões em bens do casal, mas o pedido foi negado pela Justiça.

A decisão, publicada nesta quarta-feira, aponta que o inquérito ainda está em fase de investigação.

Jornalista pela UFMG, com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia, já atuou na produção de programas da grade, apuração e na reportagem da Central de Trânsito Itatiaia Emive. Atualmente, contribui como repórter na editoria de política.