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“A irrealidade da narrativa se mostra inaceitável”, diz trecho do documento encaminhado ao Supremo. Os advogados do ex-presidente argumentam que segundo o próprio relatório policial, o documento foi salvo no celular de Bolsonaro dois dias depois da deflagração da Operação Tempos Veritatis, e que, para haver prisão preventiva, seria necessário haver “fato contemporâneo”.
“Mas, ainda assim, tem apenas um documento, que reconhece ser mero rascunho antigo enviado por terceiro, além da indeclinável constatação de que o tal pedido não se materializou! Fato é que, com ou sem o rascunho, o ex-presidente não fugiu. Pelo contrário, obedeceu a todas as decisões emanadas pela Suprema Corte”, destaca a defesa.
Os advogados pontuam que Bolsonaro compareceu a “todas as audiências” e respeitou “todas as ordens” da Corte. “A esta altura, falar em fuga para ‘impedir a aplicação da lei penal’ parece não ter o menor cabimento. O documento demonstra o contrário do que pretende concluir a autoridade policial: não só não há risco de fuga como essa fuga já não existiu”, conclui o documento.
Plano de fuga
A Polícia Federal afirma, no relatório que indiciou Jair Bolsonaro, que o ex-presidente teria, em seu celular, um
De acordo com a corporação, na primeira página do documento, que tem 33 laudas, Bolsonaro argumenta que é “um perseguido” por “motivos e por delitos essencialmente políticos”. O documento consta no indiciamento do ex-presidente por coação no curso do processo e por abolição violenta ao Estado Democrático de Direito.
A polícia argumenta que Bolsonaro e o filho, que está nos Estados Unidos, atuaram juntos contra integrantes do Supremo Tribunal Federal frente ao julgamento do ex-presidente no processo da trama golpista.
“De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares”, descreve Bolsonaro na carta.
A PF ressalta ainda que, cerca de dois meses antes da última edição do documento, o ex-presidente informou ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes que iria viajar à Argentina.
“Segundo a defesa de Jair Bolsonaro, o aviso ocorreu devido às diversas investigações nas quais o ex-presidente era alvo. Jair Bolsonaro esteve, então, presente na posse do atual mandatário argentino, em comitiva acompanhada por seu filho Eduardo Bolsonaro, dentre outros aliados”, diz a PF.
“Os elementos informativos encontrados indicam, portanto, que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha em sua posse documento que viabilizaria sua evasão do Brasil em direção à República Argentina, notadamente após a deflagração de investigação pela Polícia Federal com a identificação de materialidade e autoridade delitiva quanto aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito por organização criminosa”, acrescenta a corporação.