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ALMG lança Fórum Técnico para elaborar plano de combate à pobreza extrema em Minas

O Plano Mineiro de Combate à Miséria será elaborado em audiências públicas regionais e a previsão é que seja entregue até março de 2026

O deputado estadual Eduardo Suplicy e a deputada estadual Bella Gonçalves.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) lançou oficialmente, nesta quinta-feira (17), o Fórum Técnico de Minas Sem Miséria, responsável por elaborar diretrizes para um plano de enfrentamento e erradicação da pobreza extrema no estado.

O Plano Mineiro de Combate à Miséria está previsto na lei que criou o Fundo de Erradicação da Miséria (FEM), coordenado por secretarias estaduais, pela ALMG e por conselhos estaduais.

Segundo a deputada Bella Gonçalves (PSOL), o plano — previsto em lei — já deveria ter sido “publicado há muitos anos”. No momento, a proposta é que o documento seja construído por meio de audiências públicas em diversas regiões de Minas Gerais. “O estado já tem um diagnóstico da pobreza. Temos a discussão, também, de que metade da população mineira vive em algum grau de insegurança alimentar. Mas o que a gente faz com esses dados? Acho que, mais do que discutir o problema, é discutir formas de enfrentar a pobreza e a fome”, afirmou em coletiva de imprensa.

De acordo com dados do Índice de Pobreza Multidimensional de Minas (IPM), do segundo semestre de 2024, quase 3,5 milhões de pessoas estão em situação de pobreza monetária no estado — quando a renda é insuficiente para cobrir necessidades básicas como alimentação, moradia, saúde e educação.

Cronograma de atividades

A previsão é que o Fórum entregue, entre os dias 4 e 6 de março de 2026, o relatório final para a elaboração do Plano Mineiro de Combate à Miséria.

Antes disso, o grupo realizará uma série de audiências regionais:

  • 22 de agosto: em Juiz de Fora;
  • 8 de setembro: em Montes Claros;
  • 26 de setembro: em Uberlândia;
  • 10 de outubro: em Araçuaí;
  • 7 de novembro: em Betim.

Renda Básica Universal

O lançamento oficial do Fórum na ALMG contou com a participação do deputado estadual por São Paulo e ex-senador Eduardo Suplicy (PT).

O parlamentar, que também é escritor, é o autor da proposta da Renda Básica de Cidadania (RBC), apresentada por ele no Senado e sancionada pelo presidente Lula (PT) em 2004.

Em Belo Horizonte, Suplicy defendeu a RBC como um “direito universal”, mas não utópico. “É o direito de cada um de vocês. De todos, até do governador Zema, do presidente Lula ou do ex-presidente [Jair Bolsonaro]. Todos teremos direito, até os empresários mais ricos [...] É uma utopia realista, com os pés no chão”, declarou o deputado.

O que é a RBC?

No Brasil, por lei, a Renda Básica de Cidadania constitui um direito de todos os brasileiros e estrangeiros residentes há pelo menos cinco anos no país, independentemente da condição econômica. O benefício consiste em um valor monetário anual que garanta o mínimo de dignidade. A proposta inicial do então senador era que o pagamento fosse mensal e universal, com valor suficiente para cobrir despesas essenciais, como alimentação e saneamento básico.

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Em 2021, o Supremo Tribunal Federal determinou que o governo federal implementasse, a partir de 2022, o pagamento da Renda Básica de Cidadania para os brasileiros em situação de extrema pobreza e pobreza — com renda per capita inferior a R$ 89 e R$ 178, respectivamente — reconhecendo a “omissão” na regulamentação do benefício.

Ausência de Lancellotti

O padre Júlio Lancellotti, conhecido pelo trabalho em defesa de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social, era esperado para participar do lançamento do Fórum nesta quinta-feira.

No entanto, o sacerdote não conseguiu vir a Belo Horizonte após apresentar um quadro de infecção abdominal, com distúrbios gastrointestinais e desidratação severa. A informação foi confirmada pela Pastoral do Povo da Rua, que afirmou, em nota, que ele já recebeu medicação e, por orientação médica, permanece em recuperação em casa.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.