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Prisão do primo de Nikolas Ferreira provoca troca de farpas entre vereadores de BH

O primo do deputado, e ex-vereador de Belo Horizonte, foi preso portando mais de 30 kg de maconha e uma porção pequena de cocaína em Uberlândia, no Triângulo Mineiro

Plenário da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte nesta segunda-feira (2).

A prisão de Glaycon Rarieri de Oliveira Fernandes, primo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), gerou um bate-boca entre parlamentares no Plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) nesta segunda-feira (2).

A troca de farpas começou durante a fala do vereador Vile (PL), que criticou um vídeo publicado nas redes sociais pelo vereador Pedro Rousseff (PT), no qual o petista comenta o caso.

No conteúdo, Rousseff propõe abrir uma “caixa-preta” sobre o deputado, questionando a destinação de emendas parlamentares para Nova Serrana em 2024 — ano em que o tio de Nikolas disputou as eleições municipais —, além de citar a prisão do primo.

Na sequência, o vereador Pablo Almeida (PL) também comentou o caso, chamando o vídeo de Rousseff de “ridículo”. “Imagina se todos nós fôssemos culpados pelos crimes que nossos parentes cometem. Ia ser difícil”, afirmou.

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Ele ainda sugeriu que a prisão de Glaycon seria uma “cortina de fumaça” contra o deputado, e que Nikolas não estaria “passando a mão” na cabeça do primo. “Quem comete crimes precisa ir para a cadeia. Não vamos passar a mão na cabeça de marginal igual vocês da esquerda costumam fazer”, disse.

30 kg de maconha

Glaycon Rarieri é filho de Enéas Fernandes (PL), tio de Nikolas e candidato derrotado nas eleições municipais em Nova Serrana.

Ele foi preso com 30,2 kg de maconha no porta-malas do carro, ao sair de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Agentes da Polícia Federal também teriam encontrado uma pequena porção de cocaína com o primo do deputado.

Nas redes sociais, Nikolas afirmou que quem é preso com drogas “merece cadeia, assim como os rachadores e outros corruptos que estão soltos por aí”.

Audiência pública acirra debate entre vereadores

A audiência pública que discutiu dois projetos de lei em tramitação na Câmara também provocou divergências entre os parlamentares.

  • Um dos projetos, de autoria do vereador Vile, conhecido como Lei “Anti-Oruam”, visa proibir a contratação, com recursos públicos, de shows, artistas e eventos que façam apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas.
  • O outro, de autoria dos vereadores Vile e Flávia Borja (DC), propõe proibir a reprodução de músicas com “conteúdo sexual, vulgar, obsceno, com apologia às drogas, expressões de sentido dúbio, incitação ao crime ou conteúdo degradante explícito” em instituições de ensino públicas e privadas da capital mineira.

A audiência, realizada na última terça-feira (27), contou com a participação do rapper Djonga, que compôs a Mesa Diretora do encontro ao lado dos vereadores Pedro Patrus (PT), Iza Lourença (PSOL) e Juhlia Santos (PSOL).

No Plenário desta segunda-feira, o vereador Vile acusou a audiência de defender “facções criminosas”. “Foi dito, de diversas formas, que eu queria proibir o funk em BH. São canalhas, mentirosos. Quem tem envolvimento com crime organizado, diálogo cabuloso, é o PT”, disparou.

O vereador Sargento Jalyson (PL) também se manifestou, dizendo ter sido vítima de “censura” durante a audiência na Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor. Ele afirmou ter tentado falar por quatro vezes, sem ser ouvido pelos demais parlamentares. “Fui completamente ignorado pela extrema-esquerda que presidia a audiência. Me censuraram e me excluíram de um espaço público que deveria ser de diálogo e pluralidade”, declarou.

A presidente da comissão, vereadora Juhlia Santos negou que tenha havido censura. Segundo ela, por questão de ordem, foi definido previamente que os parlamentares falariam apenas após a participação do público presente. “Talvez ele venha de um universo onde determina as coisas, só que esta Casa não irá servir ao bel-prazer das pessoas. Enquanto eu estiver assumindo qualquer atividade aqui, nós iremos seguir o combinado — e o combinado foi ouvir os convidados e, depois, os vereadores”, afirmou.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.