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Relator na CCJ propõe trancar ação contra Ramagem no STF e pode beneficiar Bolsonaro

Comissão analisa pedido do PL para que a Câmara suspenda o processo contra o deputado por tentativa de golpe de Estado

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator do pedido do PL na CCJ

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL) apresentou parecer favorável ao trancamento da ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), tornado réu na Corte por tentativa de golpe de Estado.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara analisa nesta quarta-feira (30) o pedido do PL para sustar o processo no STF. A sigla alega que os crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a Ramagem ocorreram após a diplomação, o que, segundo a Constituição, autoriza a Câmara a suspender a ação penal até o fim do mandato parlamentar.

Em seu relatório, Gaspar considerou que estão configurados os requisitos necessários para suspender a ação penal contra todas as cinco acusações:

  • Organização criminosa;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado com violência ou grave ameaça contra patrimônio da União, causando grande prejuízo;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

O entendimento contraria uma decisão do presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, que determinou que a Câmara só poderia analisar apenas dois crimes: dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Os outros, segundo o Supremo, seriam referentes ao período em que Ramagem foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e, portanto, teriam ocorrido antes da diplomação.

Deputados da base do governo alegam que o projeto de resolução apresentado pelo relator abre brecha para trancar o andamento do processo no Supremo de todos os outros réus da ação penal, o que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso porque o texto não cita que a suspensão se aplica apenas para o caso de Ramagem.

“Fica sustado o andamento da Ação Penal contida na Petição n. 12.100, em curso no Supremo Tribunal Federal, em relação a todos os crimes imputados”, diz a proposta.

Caso o recurso seja aprovado na CCJ, caberá ao plenário dar a palavra final no caso. Por lá, são necessários 257 votos, maioria absoluta da Casa, para que a ação seja suspensa.

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Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.