O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse à Polícia Federal (PF) que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) integravam o núcleo mais radical de apoio a um golpe de Estado.
No
Segundo o militar, também integravam o grupo mais extremista:
- Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho do governo Bolsonaro;
- Gilson Machado, ministro do Turismo do governo Bolsonaro;
- Magno Malta, senador (PL-ES);
- Jorge Seif, senador (PL-SC) e secretário nacional de Pesca e Aquicultura no governo Bolsonaro;
- general Mario Fernandes, secretário-executivo do general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República durante o governo Bolsonaro.
Cid afirmou que essas pessoas conversavam “constantemente” com Bolsonaro, “instigando para dar um golpe de Estado”, e diziam ao ex-presidente que ele teria o apoio do povo e dos chamados CACs – sigla para Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador – para o concretizar plano.
Ainda de acordo com a oitiva, o general Mario Fernandes “atuava de forma ostensiva, tentando convencer os demais integrantes das forças [armadas] a executarem um golpe de Estado”.
Em novembro, Bolsonaro e outras 36 pessoas
O que dizem os citados
Bolsonaro
Os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Celso Sanchez Vilardi, que integram a defesa de Bolsonaro, criticaram, em nota, o que chamaram de “vazamentos seletivos” e “investigações semissecretas”.
Leia a íntegra da nota da defesa de Bolsonaro:
“A defesa do Presidente Bolsonaro, tendo tomado conhecimento da divulgação de trechos da colaboração premiada do Ten Cel Art Mauro Cid, manifesta sua indignação diante de novos ‘vazamentos seletivos’, assim como seu inconformismo diante do fato de que, enquanto lhe é sonegado acesso legal à integralidade da referida colaboração, seu conteúdo, por outro lado, veio e continua sendo repetidamente publicizado em veículos de comunicação, tornando o sigilo uma imposição apenas às defesas dos investigados, evidentemente prejudicadas em seu direito a ampla defesa.
Investigações ‘semissecretas’ — em que às defesas é dado acesso seletivo de informações, impedindo o contexto total dos elementos de prova —, são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, que nosso ordenamento busca preservar.”
Senador Jorge Seif
“Em relação a delação premiada do ex-ajudante de ordens do Presidente Jair Bolsonaro, Coronel Mauro Cid, veiculado na imprensa neste domingo (26), o qual fui citado como participe de “ala radical que incentivava o golpe”, declaro que são falaciosas, absurdas e mentirosas tais menções.
Jamais ouvi, abordei ou insinuei nada sobre o suposto golpe com o presidente da República nem com quaisquer dos citados na delação vazada.
O conteúdo do depoimento ilegalmente vazado é apenas uma opinião de “classificação” que me inclui de forma criminosa como parte de um grupo fictício, e não contém nenhum relato de fato específico sobre participação minha que jamais existiu.
Apesar de ter sido classificado no depoimento como parte de um “grupo” - que o próprio depoimento ressalva - “não organizado”, e que ‘se encontrava apenas esporadicamente com o Presidente Jair Bolsonaro” nego veementemente que em quaisquer de meus encontros com o Presidente tenha abordado ou insinuado decretação de intervenção ou outras medidas de exceção, o que prova que o depoimento vazado é completamente inverídico.
Informo que ingressarei com as medidas jurídicas cabíveis em relação ao vazamento do depoimento sigiloso, e à denunciação caluniosa feita contra minha pessoa.”