Uma audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta sexta-feira (6), discutiu a grave escassez de rabecões para atender Belo Horizonte e cerca de 50 municípios.
Na audiência, Wemerson Oliveira, presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, expôs uma série de problemas enfrentados pela categoria, como a ausência de manutenção preventiva e corretiva nos rabecões e a falta de repasse de recursos pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Ele destacou ainda que os policiais que atuam nesse setor não recebem adicionais, incluindo aqueles relacionados ao risco de contágio pelo manuseio de corpos.
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Outro ponto denunciado por Wemerson foi a ausência de rádios de comunicação nos rabecões e viaturas da Polícia Civil, o que surpreendeu o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL). Diante da informação, o parlamentar prometeu convocar uma nova audiência para investigar o caso.
“Um colega, certa vez, estava transportando dois corpos no rabecão, sozinho, como todos eles trabalham, e o carro deu problema e parou. Por sorte ele tinha um conhecimento de mecânica e conseguiu arrumar. Isso é um absurdo. Tinham apenas dois rabecões rodando, um em Betim e um em BH. O de Belo Horizonte estragou e ficou apenas um rodando em Belo Horizonte e na região metropolitana inteira”, relatou.
O superintendente da Polícia Civil, Thales Bittencourt de Barcelos, explicou que, para atender à demanda adequadamente, seria necessário dispor de um rabecão para o Instituto Médico Legal (IML) de Betim e três para Belo Horizonte. Ele também se comprometeu a avaliar a possibilidade de pagamento de adicionais por risco de contágio e informou que há estudos em andamento para realizar um concurso público para a contratação de 118 auxiliares de necropsia.
Atualmente, segundo o superintendente, há 17 rabecões cadastrados no sistema de frotas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), fabricados entre 2012 e 2020. Oito desses veículos, mais antigos, estão em processo de substituição por outros que serão locados. O contrato de locação foi firmado em setembro, com previsão de entrega em 90 dias. No momento, apenas seis rabecões estão em operação, enquanto os outros 11 permanecem em oficinas.
“A Polícia Civil anteviu o problema e se antecipou à locação dos rabecões. Temos vagas em um edital em aberto para a contratação. Uma vez sendo aprovado pela viabilidade orçamentária eles podem reforçar a equipe de investigadores.”
O deputado Sargento Rodrigues criticou duramente a falta de investimentos do governo Zema na segurança pública.
“Nós vemos migalhas sendo investidas na segurança pública. O que nós temos é a aplicação de emendas parlamentares, repasses da união e dinheiro da tragédia da Vale. O investimento é irrisório, é vexatório. É por isso que isso acaba acontecendo.”
Explicações da Seplag
O subsecretário de Planejamento e Gestão da Seplag, Marcos Eduardo Silva Soares, reconheceu que os veículos apresentaram reincidência de problemas mecânicos ao longo do ano e afirmou que a substituição de parte da frota ajudará a mitigar os problemas.
“Quando é uma compra significativa, na Seplag avaliamos se é melhor comprar ou locar. Então fizemos o parecer favorável e foi liberada a locação. É a primeira vez que fazemos este processo com rabecões e essa locação e consta no termo que temos que ter um rabecão reserva no caso das ausências. Teremos agora este modelo híbrido, com carros próprios e locados, e vamos acompanhar.”
A Seplag também informou que investigará as razões para o longo tempo de manutenção dos veículos.