Ouvindo...

Conheça as propostas dos candidatos em BH para a mobilidade urbana

Itatiaia analisou os planos de governo nos eixos mobilidade coletiva, mobilidade ativa, participação popular e governança

Transporte coletivo e trânsito são temas dos mais discutidos pelos belo-horizontinos. Nas ruas da capital hoje há mais veículos do que pessoas: mais de 2,6 milhões de automóveis para 2,3 milhões de habitantes.

O resultado disso está nos longos e diários congestionamentos, aumento no tempo de viagem, alta no número de acidentes de trânsito, ao mesmo tempo em que a passagem de ônibus em BH é uma das mais caras do país.

Os debates mais recentes apontam algumas soluções: transporte coletivo de qualidade, políticas multimodais e investimento na mobilidade ativa. Em ocasiões de eleição, principalmente municipais, a mobilidade é um dos temas mais explorados. O que os candidatos à prefeitura trazem de proposta para a mobilidade em Belo Horizonte?

A Itatiaia avaliou o tema nos planos de governo de todos os candidatos ao executivo municipal e considerou quatro eixos: mobilidade coletiva, mobilidade ativa, governança e participação.

O candidato Carlos Viana (Podemos) não havia registrado o plano de governo até o fechamento da matéria.

Mobilidade Coletiva

Mauro Tramonte (Republicanos)

O candidato se concentra no eixo transporte coletivo em seu plano de governo. Das 12 propostas para a mobilidade, metade são voltadas para os ônibus. Ele propõe novas linhas, novos veículos, ampliação do quadro de horários e 50 quilômetros de vias exclusivas para veículos de transporte coletivo.

O texto traz, ainda, propostas de transparência das informações relativas ao valor da tarifa e o recurso que é destinado às empresas, além do melhoramento dos pontos de ônibus.

O candidato visa implantar faixas exclusivas para motociclistas e a implantação de semáforos inteligentes, mas sem detalhar projetos ou prazos.

Bruno Engler (PL)

O candidato propõe ampliar a cobertura e frequência das linhas de ônibus; modernizar, mas sem detalhar como, o monitoramento da execução dos contratos e apoiar a expansão do metrô. O documento também fala, brevemente, em incentivos para o transporte coletivo e veículos elétricos.

Duda Salabert (PDT)

Para a mobilidade coletiva, as propostas de Duda incluem metodologia DDD (diálogo, desenho e deliberação) para um novo contrato de prestação de serviço de transporte por ônibus; controle do Executivo municipal na bilhetagem eletrônica dos ônibus; aumento da frota de ônibus elétricos; oferta de transporte coletivo à noite e de madrugada e participação ativa do município nos projetos de gestão do serviço do metrô da capital, em articulação com o Governo de Minas.

Fuad Noman (PSD)

No plano do Fuad Noman (PSD), não há um capítulo de propostas para a mobilidade. É mencionada apenas a intenção de construir o BRT da Avenida Amazonas, mas sem dizer como ou em que prazo.

Rogério Correia (PT)

A campanha de Rogério Correia (PT) se concentra na gestão do transporte coletivo, cujas propostas passam por vias e faixas exclusivas para ônibus; revisão da política tarifária; eletrificação da frota em quatro anos; criação de uma política específica para o transporte suplementar; integração metropolitana, com a criação do Bilhete Único Metropolitano e nova licitação do transporte coletivo, de forma que as empresas sejam apenas prestadoras de serviço, com gestão a cargo da Prefeitura.

Gabriel Azevedo (MDB)

O candidato propõe uma rede de transporte coletivo, com integração multimodal (ônibus, metrô, ciclovias); a construção de um sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) na avenida Afonso Pena e construir corredores de BRT, como na avenida Amazonas; busca de financiamento para a troca da frota por ônibus elétricos e implementar o fim do uso de dinheiro a bordo, com digitalização das operações e integração dos meios de pagamento.

O emedebista também sugere fazer cumprir a Lei 11.538/2023, que prevê descontos no subsídio se as empresas não oferecerem qualidade. O texto também fala em colocar agentes da Guarda Civil Municipal nas linhas de ônibus em que houver maior sensação de insegurança.

Indira Xavier (UP)

O plano de governo de Indira Xavier (UP) traz como propostas para o transporte coletivo a criação do passe livre estudantil universitário; a implementação, sem maiores detalhes, do congelamento imediato da tarifa de transporte; reestatização das empresas de transporte coletivo — incluindo metrô e ônibus — e criar uma empresa pública de táxi.

O documento também menciona reduzir a carga horária dos motoristas de ônibus e reavaliar a função dos cobradores, mas sem detalhes da execução ou do prazo para concluí-la. O mesmo para ampliação das linhas do metrô.

Para a tarifa, Indira pretende estudar a viabilidade da tarifa zero nos fins de semana e para trabalhadores desempregados.

Wanderson Rocha (PSTU)

O plano do candidato Wanderson Rocha (PSTU) propõe, de forma geral, a implementação de uma política de valorização dos trabalhadores rodoviários, com garantia de empregos, valorização salarial, plano de carreira, jornada de 6 horas diárias e concurso público para novos servidores.

Também são mencionadas a ampliação da frota de ônibus, bem como as linhas do metrô; realização de uma auditoria no sistema de transporte; implementação da tarifa zero e reestatizar do metrô e das empresas de ônibus.

Mobilidade ativa

Mauro Tramonte (Republicanos)

O plano de governo do candidato propõe aperfeiçoar a infraestrutura para ciclistas e pedestres, com ciclovias e calçadas mais seguras e trajetos acessíveis e protegidos.

Bruno Engler (PL)

Para a mobilidade ativa, o programa do candidato é sintético e fala apenas em revitalização do centro para torná-lo atrativo e a modernização da iluminação pública em áreas de alta circulação para aumentar a segurança dos pedestres. Não há propostas que mencionem ciclovias ou ciclofaixas.

Duda Salabert (PDT)

Em termos de estímulo ao caminhar e ao pedalar, o plano de Duda dá sequência a uma tendência das grandes cidades de priorizar a mobilidade ativa. Para o caminhar, o documento propõe a conscientização de proprietários de imóveis sobre a conservação e construção de calçadas e o estabelecimento de parceria com a Cemig para evitar calçadas e pistas escuras.

Para o pedalar, ela propõe revisar o funcionamento do GT Pedala BH, treinar motoristas de ônibus e táxis para o respeito ao ciclista.

Fuad Noman (PSD)

O plano de governo do candidato não faz menção à mobilidade ativa.

Rogério Correia (PT)

No quesito mobilidade ativa, o programa de governo do petista propõe manutenção e acessibilidade das calçadas e expansão da infraestrutura cicloviária e promoção de campanhas para aumentar o número de ciclistas, além da instalação de novos pontos de bicicletas compartilhadas.

Gabriel Azevedo (MDB)

O plano do candidato é o único que traz a mobilidade ativa como um capítulo. O documento fala em ampliação da rede de ciclovias, priorizando a conexão entre vias existentes e com materiais permeáveis; fala também em integrar a rede de ciclovias ao transporte coletivo e ampliar os pontos de aluguel de bicicletas compartilhadas, incluindo bicicletas elétricas.

Indira Xavier (UP)

Para a mobilidade ativa, a candidata Indira (UP) propõe, de forma breve, a urbanização das trilhas de pedestres e, assim como Gabriel Azevedo (MDB), ela sugere criar ciclovias integradas ao sistema de transporte público; o documento também menciona priorizar a revitalização das ciclovias existentes e ampliá-las com eixos centrais seguros.

Wanderson Rocha (PSTU)

Para a mobilidade ativa, o candidato Wanderson Rocha (PSTU) propõe expansão das ciclovias e ciclofaixas e campanhas de conscientização sobre o uso das vias exclusivas para ciclistas e bicicletários integrados a estações de metrô e ônibus.

Leia também

Participação popular

Mauro Tramonte (Republicanos)

O plano de Tramonte também é breve no quesito participação, resumindo o tópico a “realizar interlocução” com a sociedade para definir como deve ser a nova concessão do transporte coletivo.

Bruno Engler (PL)

O plano de governo do candidato não faz menção à participação popular na gestão da mobilidade urbana.

Duda Salabert (PDT)

No que diz respeito à participação, o texto cita propostas como o fortalecimento das Comissões Regionais de Transporte e Trânsito (CRTTs) e revisar o funcionamento do GT Pedala BH, para promover a discussão sobre ações para a mobilidade por bicicleta na cidade.

Fuad Noman (PSD)

O plano de governo do atual prefeito não faz menção à participação popular na gestão da mobilidade urbana.

Rogério Correia (PT)

Em termos de participação popular, o programa de governo petista fala em renovação do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana e, assim como propõe Duda Salabert (PDT), fortalecimento das Comissões Regionais de Transporte e Trânsito (CRTTs).

Gabriel Azevedo (MDB)

Ao falar em participação, o plano do candidato é breve e propõe apenas “fortalecimento dos mecanismos de participação popular no planejamento urbano”.

Indira Xavier (UP)

O plano de governo da candidata propõe apenas incentivar a participação popular na criação de novas linhas de ônibus.

Wanderson Rocha (PSTU)

O programa do candidato propõe a criação de “Conselhos Populares Regionais” compostos por trabalhadores e usuários, e a promoção de fórum de debate sobre o papel do transporte público como serviço público.

Governança

Mauro Tramonte (Republicanos)

O candidato não faz propostas no quesito governança.

Bruno Engler (PL)

O candidato propõe apenas liderar o processo de integração da região metropolitana de BH.

Duda Salabert (PDT)

O plano da candidata fala da mobilidade como direito constitucional à cidade, fazendo menção às pessoas com deficiência.

A pedetista sugere transparência dos dados relacionados ao transporte coletivo; união com outros prefeitos e prefeitas e governadores para diálogo com o Governo Federal para elaboração do Sistema Único de Mobilidade (SUM); e ampliação de fontes de financiamento.

A estratégia Visão Zero também é citada no documento, que trabalha com a ideia de que nenhuma morte no trânsito é aceitável, e que figura na gestão urbana de cidades como Nova York, Estocolmo e Bogotá.

Fuad Noman (PSD)

O candidato não faz propostas no quesito governança.

Rogério Correia (PT)

Para a governança, o documento sugere campanhas de educação para a mobilidade, criação de um órgão gestor para gerenciar a mobilidade na capital, e instituir um programa municipal que busque zerar as mortes no trânsito até 2030.

Gabriel Azevedo (MDB)

No quesito governança, o plano do candidato sugere que a prefeitura de BH assuma o papel de liderança na região metropolitana para projetos intermunicipais. Ele também cita a aplicação do Estatuto da Cidade e do Estatuto das Metrópoles para viabilizar obras de infraestrutura metropolitana.

Indira Xavier (UP)

No âmbito da governança, o programa da candidata propõe focar na reestatização e unificação de serviços de transporte e promover estudos e políticas voltadas à inclusão social.

Wanderson Rocha (PSTU)

O candidato não faz propostas no quesito governança.


Participe dos canais da Itatiaia:

Jessica de Almeida é repórter multimídia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.
Leia mais