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BH lidera ranking das capitais com passagens de ônibus mais caras do Brasil

Tarifa de R$ 6 também é cobrada em Curitiba (PR), Porto Velho (RO) e Florianópolis (SC); valor pago por passageiros em BH é suficiente para comprar duas passagens em Recife (PE) e Brasília (DF)

BH é uma das quatro capitais com passagem de ônibus mais caras do país

Com o aumento de quase 35% das passagens de ônibus, Belo Horizonte passa a liderar o ranking das capitais com as tarifas mais caras do Brasil. Ao lado de Curitiba (PR), Porto Velho (RO) e Florianópolis (SC), BH passa a cobrar R$ 6 pela passagem de ônibus a partir deste domingo (23).

Dados levantados pela Itatiaia junto com prefeituras e jornais locais mostram que o valor de uma passagem de ônibus de Belo Horizonte é suficiente para comprar duas passagens simples em Recife (PE) e Brasília (DF), restando ainda até R$ 1 de troco. Confira o ranking:

  • Belo Horizonte (MG): R$ 6,00

  • Porto Velho (RO): R$ 6,00

  • Curitiba (PR): R$ 6,00

  • Florianópolis (SC): R$ 6,00

  • Boa Vista (RR): R$ 5,00

  • Cuiabá (MT): R$ 4,95

  • Salvador (BA): R$ 4,90

  • Porto Alegre (RS): R$ 4,80

  • João Pessoa (PB): R$ 4,70

  • Campo Grande (MS): R$ 4,65

  • Fortaleza (CE): R$ 4,50

  • Aracaju (SE): R$ 4,50

  • Vitória (ES): R$ 4,50

  • São Paulo (SP): R$ 4,40

  • Goiânia (GO): R$ 4,30

  • Rio de Janeiro (RJ): R$ 4,30

  • São Luís (MA): R$ 4,20

  • Belém (PA): R$ 4,00

  • Teresina (PI): R$ 4,00

  • Natal (RN): R$ 4,00

  • Palmas (TO): R$ 3,85

  • Manaus (AM): R$ 3,80

  • Macapá (AP): R$ 3,70

  • Rio Branco (AC): R$ 3,50

  • Maceió (AL): R$ 3,35

  • Recife (PE): de R$ 2,70 a R$ 4,10

  • Brasília (DF): de R$ 2,50 a R$ 5,00

O valor diário pago a mais pelos passageiros do transporte público de Belo Horizonte é suficiente para comprar até três pães de queijo por dia. A Itatiaia conversou com moradores da cidade que reclamaram do reajuste e confessaram que terão que deixar de comprar até pão e leite para arcar com o aumento.

Falta subsídio

O presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Raul Lycurgo, explica que o sistema de transporte público da capital é pago apenas pelos passageiros que entram nos ônibus, ao contrário do que é feito nas principais cidades do mundo.

“O sistema hoje é rateado entre os usuários, ou seja, ele está a disposição de todos mas só quem sobe no ônibus paga. Dessa forma, todas as gratuidades são custeadas pelos passageiros. Esse sistema não é usado em boa parte do mundo desde os anos 1990. Em Paris, 60% do custo do transporte é pago pelo poder público. Em Praga, na República Checa, o percentual sobe para 75%.”

Lycurgo esclarece que algumas das capitais só cobram passagens mais baratas por conta dos subsídios repassados pelo poder público. O presidente do Setra-BH esclarece que, apesar do preço da passagem estar subindo de R$ 4,50 para R$ 6, o preço médio da tarifa em Belo Horizonte, contando gratuidades, cai para R$ 3,20.

“Em São Paulo há um subsídio de R$ 7,4 bilhões em 2023. Eu entendo que o sistema de transporte na capital paulista é muito maior que o nosso, mas em Brasília, onde os números são mais parecidos, o poder público deve repassar R$ 1,4 bilhão em 2023. O próprio secretário de mobilidade do Distrito Federal já afirmou que, sem o auxílio tarifa, a passagem seria de quase R$ 10.”

Para o presidente do Setra-BH, o projeto de lei 11.458/2023, que altera a forma de remuneração do sistema de transporte público da capital, é a melhor forma de melhorar essa situação.

Polêmica no transporte público

A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou, nesta quarta-feira (19), que a passagem de ônibus na capital mineira custará R$ 6 a partir do próximo domingo (23). O valor foi definido em uma audiência realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) - que reuniu representantes do Executivo municipal e das empresas de transporte público.

Após o anúncio, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido) disse em nota que o prefeito Fuad Noman “aceitou a chantagem” dos empresários de ônibus e agiu de forma “covarde”. A Casa deve receber ainda nesta quinta (20) um projeto para barrar o reajuste.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte e com a Setra e aguarda retorno.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.