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Aumento no preço da passagem de ônibus faz trabalhador de BH rever orçamento: ‘Deixar de comprar pão’

Reajuste impacta de diferentes maneiras na vida do trabalhador

População está revoltada com o reajuste no preço da tarifa de ônibus

Trabalhadores que usam o transporte público de Belo Horizonte fazem as contas para encaixar no orçamento o reajuste no preço da passagem, que passará de R$ 4,50 para R$ 6 a partir deste domingo (23). Muitas pessoas vão ter que diminuir pão e leite. A reportagem da Itatiaia foi ao Centro de BH e conversou com várias passageiras.

Para quem pega dois ônibus por dia (ida e volta), o impacto semanal é de R$ 18 e mensal de R$ 72. O problema é que muitas pessoas pagam, quatro, seis passagens por dia. É o caso diarista Cláudia Silva, 52 anos, moradora do bairro Tupi, região Norte de Belo Horizonte.

“Vou deixar de comprar muita coisa, principalmente leite, pão, alguma fruta, verdura e alguma coisa”, disse a trabalhadora, que pega até seis ônibus (ida e volta) por dia, dependendo do local da faxina. “E a gente que trabalha de diarista vai ter que aumentar a diária, porque a gente paga do próprio bolso”, acrescenta a diarista, que classifica o serviço como ‘péssimo’.

Mãe de quatro filhos com idades entre 5 e 17 anos, Daniele Santana da Silva, de 33, trabalha no Centro de Belo Horizonte como captadora de clientes e pega dois ônibus por dia. "É um absurdo a passagem de R$ 4,50 ir para R$ 6. É o cúmulo do absurdo, na verdade. Às vezes, a gente deixa de comprar um leite, um pão ou até mesmo de inteirar para comprar um arroz, que é a base da mesa do brasileiro”, aponta a mulher, moradora do bairro Serra, lado Centro-Sul da capital

“Pego o 4102 ou o 4107. Eles não passam nos horários certos, sempre estão sujos e lotados. Não compensa (pagar R$ 6), principalmente com esse aumento repentino”, conclui a passageira.

A auxiliar administrativa Daniela Santana da Silva, 30 anos, mora com o irmão no bairro Sagrada Família, região Leste de BH. Ela reconhece que o impacto é maior para quem tem filhos, mas calcula o que faria com os R$ 144 a mais que ela terá que desembolsar mensalmente para ir e voltar do trabalho. “Ajudaria no supermercado. Daria para comprar muita coisa”, diz a auxiliar, que pega quatro ônibus por dia.

20%

O aumento da tarifa do transporte público na capital mineira vai afetar, principalmente, os trabalhadores que recebem um salário mínimo. Com a passagem a R$ 4,50, o transporte público consumia 15% do salário mínimo. Agora, passa a representar 20% do pagamento básico dos trabalhadores.

Reajuste

A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou, nesta quarta-feira (19), que a passagem de ônibus na capital mineira custará R$ 6 a partir do próximo domingo (23). O valor foi definido em uma audiência realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) - que reuniu representantes do Executivo municipal e das empresas de transporte público.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.