‘Caso Vaqueirinho': há 11 anos, menino perdeu o braço após ataque de tigre em zoo no PR

Garoto que estava acompanhado do pai entrou em uma área proibida para visitantes e começou a brincar com os animais

À direita, a fachada do Zoológico de Cascavel; à esquerda, o jovem Gerson de Melo, atacado e morto por uma leoa no zoológico de João Pessoa (PB), no último domingo (30)

Imagens que mostram Gerson de Melo, de 19 anos, o “Vaqueirinho”, atacado e morto por uma leoa após invadir a jaula do animal no zoológico de João Pessoa-PB, nesse domingo (30), circulam nas redes sociais e chocaram o país. O caso ocorre 11 anos depois que Vrajamany Fernandes Rocha perdeu o braço direito após ser atacado por um tigre no zoológico de Cascavel, no Paraná.

Entenda o caso

Em 2014, o garoto que tinha 11 anos e estava acompanhado do pai entrou em uma área proibida para visitantes e começou a brincar com os animais. Antes do ataque, ele chegou a se aproximar de um leão, colocando a mão entre as grades e oferecendo comida.

Imagens gravadas por visitantes mostraram a criança muito perto da jaula. Vrajamany correu ao redor das grades, subiu na estrutura e colocou a mão para tocar o tigre. Pouco depois, o animal avançou e dilacerou o braço da criança.

O local onde o menino entrou era isolado justamente para impedir que as pessoas se aproximem das jaulas. Nove guardas municipais faziam a segurança do zoológico, mas testemunhas afirmam que nenhum deles estava no ponto no momento do ataque.

O garoto estava com o pai e o irmão mais novo, de três anos. Segundo membros da equipe de cuidadores, o menino teria sido incentivado pelo próprio pai a correr perto da jaula, já dentro da área de proteção, provocando o animal.

O pai chegou a ser detido por ter permitido que o filho se aproximasse da estrutura. À polícia, ele afirmou que estava atento ao filho mais novo e não percebeu a aproximação do outro menino.

Após o depoimento, o pai foi liberado para acompanhar o filho no hospital. O braço do menino precisou ser amputado na altura do ombro. Em 2019, o pai foi condenado pela Justiça pelos crimes de lesão corporal e omissão.

De acordo com a sentença, o pai do garoto deve cumprir três anos de prisão em regime aberto com prestação de serviços comunitários e restrição de circulação em horários determinados. A pena do caso foi agravada porque o menino perdeu o braço no ataque.

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Na decisão, a juiza Fernanda Consoni afirmou que o pai de Vrajamany não agiu para impedir o ataque e que estava ciente do risco que o filho estava sendo exposto. A juíza também disse que a atitude do pai demonstrou ausência de cuidado e proteção.

Conforme a sentença,o pai incentivou o filho a ficar perto da grade para tirar fotos e para que ele mexesse com o animal.

O animal, criado em cativeiro desde os oito meses, tinha cerca de três anos na época do ataque. Segundo o médico veterinário do zoológico, Valmor Passos, o comportamento foi natural. Ele explicou que o tigre demonstrou irritação e interpretou a movimentação da criança como a de uma presa.

Mais de uma década depois, Vrajamany Fernandes Rocha, superou as sequelas do ataque. Após anos de reabilitação e apoio da família, o jovem se tornou uma promessa do esporte paralímpico.

(Sob supervisão de Lucas Borges)

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Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.

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