O acordo para a retirada de caminhões que transportam minério da BR-040 e a construção de uma nova estrada para desafogar o fluxo da rodovia pode ser assinado ainda no 1° semestre deste ano. Essa é a expectativa do procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior. À Itatiaia, ele afirmou que o momento é de conversar, com as mineradoras e os entes do poder público, sobre os termos de um documento para sinalizar o compromisso de abrir a chamada “Rodovia do Minério”.
“O que observamos é que todos querem uma solução. Até as grandes mineradoras, que tinham dificuldades no passado, enxergaram que este é o momento da solução”, diz.
Segundo Jarbas, as companhias demonstraram o interesse de contribuir com recursos para custear a nova estrada, que vai passar pela Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
“Quem não participar dessa solução está, na verdade, optando por assassinar pessoas todos os anos, meses e dias na BR-040. São pais, mães e filhos. Trabalhadores e empresários. Ou resolvemos ou vamos continuar com a carnificina que acontece todos os anos”, aponta.
Para evitar múltiplas ações na Justiça, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tenta arquitetar uma solução por meio do Centro de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica (Compor). O comitê busca evitar embates nos tribunais por meio da conciliação
“A solução não passa por A, B, C ou D. Todos participam. É uma solução que a via judicial talvez não nos permitisse. Precisaríamos propor muitas ações e todas serem julgadas procedentes ao mesmo tempo para, no final, chegarmos a este ponto”, explica o procurador de Justiça.
‘Rodovia do Minério’
A principal alternativa para desafogar o fluxo de veículos pesados da BR-040 é retirar as carretas da rodovia federal, deslocando-as para pistas exclusivas para carros de grande porte. O prefeito de Itabirito, Orlando Amorim (Cidadania), foi responsável por apresentar o projeto com propostas consideradas mais robustas. Segundo ele, as obras devem custar cerca de R$ 300 milhões e podem ser concluídas em um ano e meio.
Como já mostrou uma série especial da Itatiaia, os moradores das cidades no trecho entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete têm sofrido diariamente com congestionamentos e graves acidentes.
Integrante do Movimento SOS 040, Rodrigo Torres, ressalta que os moradores das cidades abrangidas pela rodovia têm sofrido impactos pelas seguidas mortes em acidentes veiculares
“O minério que passa por ali leva as riquezas de Minas para outros lugares. Nós, usuários, ficamos só com os problemas. Morremos de medo, a morte está na porta diariamente. Quantos de nós não perdemos parentes e colegas de trabalho? Todo dia é um acidente”, lamenta Torres.
Os prefeitos e a Associação de Municípios Mineradores (Amig) sugerem transferir o fluxo de carretas de minério das duas BRs para estradas alternativas, que já existem mas não são asfaltadas, em trechos que ligam a MG-030 e a ITA-330, que passa pelo município de Itabirito, na região Central.
Para que essas carretas cheguem até as estradas alternativas, seria necessária a extensão e modernização das vias que passam em terrenos que pertencem a mineradoras, principalmente a Vale.
Os prefeitos também sugerem o uso de uma estrada chamada Pico-Fábrica, que liga as minas de Pico e de Fábrica, também em Itabirito. Os trechos precisam ser asfaltados e são de domínio de mineradoras. Além disso, seria necessária a criação de um terminal ferroviário.
A Itatiaia questionou a Vale sobre o plano para a construção de uma nova rodovia. A mineradora disse estar "à disposição do poder público e demais entidades para buscar soluções que promovam ainda mais segurança e bem-estar da população. Mas é importante esclarecer que a ferrovia é o principal modal de transporte para escoamento de produção da empresa”.