Há pouco mais de cinco meses, o líder indígena Raoni Metuktire, o cacique Raoni, criticou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da inação frente às necessidades das populações originárias no país. A avaliação deve ser repetida nesta terça-feira (26), quando os dois se encontrarão durante uma cerimônia na Ilha do Combu, em Belém, quando o cacique será condecorado pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O compromisso compõe a agenda da visita do francês ao Brasil para estreitamento dos laços com o Governo Lula (PT) e pressão sobre a agenda ambiental neste ano que antecede a COP-30, marcada para novembro de 2025, no Pará.
O cacique, com quem Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto na cerimônia de posse no ano passado, partiu do aeroporto de Brasília nas primeiras horas desta segunda-feira (25) rumo à cidade de Belém. Ele chegou à capital paraense quase no início da tarde, onde aguardará a agenda de terça-feira. A condecoração do cacique pelo presidente da França endossa a relação entre os dois; no ano passado, Macron se encontrou com Raoni, principal representante da luta dos povos indígenas brasileiros. “Estamos atentos ao que nos diz o cacique Raoni há 18 dias da Cúpula de Paris para um novo pacto financeiro global de que o mundo precisa”, escreveu Macron à época.
O mandatário francês é ligado às discussões sobre a preservação das florestas tropicais e o respeito aos direitos dos povos indígenas. Na contramão, o Brasil é alvo de críticas na proteção às populações originárias. No ano passado, o Congresso Nacional contrariou as organizações indígenas e, apoiado pela bancada ruralista, promulgou a lei do marco temporal para demarcação de territórios indígenas. Além disso, o próprio governo sofreu críticas — inclusive do próprio cacique Raoni, que, a O Globo em outubro, afirmou que Lula não cumpriu o que prometeu no dia da posse. Na ocasião, o líder indígena criticou a lei do marco temporal e disse que as ações do petistas eram lentas na proteção aos indígenas.
O reencontro do presidente brasileiro com o cacique Raoni ocorrerá durante a agenda de Lula com Macron. O petista receberá o francês nesta terça-feira (26); eles passarão, além de Belém, por Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Na capital do Pará, os dois embarcarão para a Ilha do Combu para uma visita à produção artesanal e sustentável de cacau na região. Também está previsto um encontro com representantes indígenas.
A visita de Macron ao Pará antecede em pouco mais de um ano e oito meses a COP-30. A trigésima edição da Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas ocorrerá, de forma inédita, em Belém. O encontro é uma das grandes apostas do governo brasileiro liderado por Lula para firmar o Brasil como protagonista nas discussões climática e ambiental no cenário internacional.