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Major da elite do Exército pediu R$ 100 mil a Cid para custear ida de manifestantes do RJ a Brasília

Major das Forças Especiais, Rafael Martins de Oliveira, foi preso pela Polícia federal nesta quinta-feira (8)

Polícia Federal acessou conversas de Mauro Cid e Rafael Martins de Oliveira no WhatsApp

Major das Forças Especiais do Exército, Rafael Martins de Oliveira, negociou com o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, o pagamento de R$ 100 mil para subsidiar a ida de manifestantes do Rio de Janeiro para Brasília com o intuito de atacar as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação consta no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado no Brasil e levou à prisão do major nesta quinta-feira (8). Agentes da PF prenderam Rafael Martins de Oliveira em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, no início da manhã, e ele segue detido no prédio da polícia na capital.

Conversas no WhatsApp entre o major e Mauro Cid obtidas pela Polícia Federal indicam que o militar do batalhão de elite do Exército pediu dinheiro para patrocinar os manifestantes que iriam até Brasília. Os diálogos constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu a prisão de Martins de Oliveira e de outros três aliados de Bolsonaro. “O pessoal tá querendo a orientação correta da manifestação. A pedida é ir para o CN [Congresso Nacional] e o STF? As FFAA [Forças Armadas] vão garantir a permanência lá?”, pergunta o major para Cid em 11 de novembro de 2022. O ajudante de ordens de Bolsonaro responde “CN e STF”, e ainda completa: “vão”.

Três dias depois, Cid pergunta ao major — identificado nas conversas pelo apelido Joe — uma previsão de custos para transportar os manifestantes do Rio de Janeiro para Brasília. “Só faz uma estimativa com hotel, alimentação, material. R$ 100 mil?”, pergunta Cid. “Em torno disso”, responde o major. O ajudante de ordens ainda completa: “para trazer um pessoal do Rio. Vai precisar”.

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O ministro Alexandre de Moraes reforça na decisão que o major aparece como o interlocutor de Cid para coordenar estratégias para execução do golpe de Estado. Segundo o ministro do STF, as conversas demonstram “que Rafael Martins solicitou orientações quanto aos locais para realização das manifestações e se as Forças Armadas garantiriam a permanência e segurança das pessoas no local, inclusive, logrando a confirmação de que os alvos seriam o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal”, escreveu Moraes. Ele ainda acrescenta que o major da elite do Exército era peça importante no “núcleo operacional de apoio às ações golpistas” e justifica a prisão de Rafael Martins Oliveira sob a alegação de que mantê-lo em liberdade “colocaria em risco a garantia da ordem pública”.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.