O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, negou qualquer tipo de interferência na autonomia técnica da Polícia Federal (PF). O ministro concedeu uma entrevista coletiva, nesta quarta-feira (31), no Palácio do Planalto, para detalhar as ações federais na área da Segurança Pública em 2023. Ao ser questionado sobre o inquérito da PF que apura a suposta criação de um gabinete paralelo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para monitorar “inimigos políticos” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal, Dino garantiu que nem Lula e nem os ministros de Estado nunca pediram nada relacionado aos trabalhos da PF.
As supostas irregularidades teriam ocorrido na Abin entre os anos de 2019 e 2021, quando a agência era comandada por Alexandre Ramagem, que atualmente exerce mandato de deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Ramagem foi alvo de busca e apreensão no âmbito do inquérito da PF. Flávio Dino negou interferência no inquérito, e disse que as denúncias de irregularidades na Abin foram divulgadas pela imprensa há, pelo menos, três anos. “Quem determina busca e apreensão é o poder Judiciário. Então, óbvio, a não ser que queiram fazer debate político com o Supremo ou com a Procuradoria Geral da República, muito bem, é democrático. Mas eu afirmo, cabalmente, que nesses 13 meses o presidente da República não me pediu nada, nem para investigar e nem para deixar de investigar. Nenhum ministro de Estado se dirigiu a mim para pedir qualquer coisa. Nunca houve interferência de autoridade de governo na autonomia técnica da Polícia Federal”, garantiu Dino.
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) e um assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro também tiveram celulares e tablets apreendidos, em cumprimento de mandado de busca e apreensão da PF. Os agentes também cumpriram mandados contra duas assessoras, que trabalhavam com Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Elas são suspeitas de intermediar as demandas entre os dois. O deputado Alexandre Ramagem e o vereador Carlos Bolsonaro ainda não foram ouvidos pela PF.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu mudanças na cúpula da Abin. O presidente nomeou na terça-feira (30) o cientista político Marco Aurélio Chaves Cepik para o cargo de diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele substituiu Alessandro Moretti.
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