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‘Não é que o menino não aprendeu, o professor não ensinou’, diz secretária-adjunta de educação de MG

Secretaria de Educação vai lançar plano para monitorar aprendizagens na rede estadual

Secrearia de Estado de Educação vai lançar Plano para retomada de aprendizagem no ensino público

A secretária-adjunta de Educação de Minas Gerais, Geniana Guimarães, disse, nesta terça-feira (30), que um dos grandes problemas da educação pública do estado não está na aprendizagem, mas na “ensinagem”. De acordo com ela, os processos são monitorados em avaliações trimestrais e que, muitas vezes, “não é que o menino não aprendeu, o professor é que não ensinou”.

“Nós realizamos avaliações trimestrais - uma avaliação diagnóstica no início, outra no meio do ano e outra no final [do ano letivo]. A gente vai monitorando os processos e os procedimentos dessa escola. Se os estudantes de uma turma, do 6º de Língua Portuguesa, tiveram o percentual de acerto muito baixo ali eu sei que o professor não está trabalhando”, afirma ao citar que esse tipo de diagnóstico começou a ser implantado em 2018 na rede pública.

“Hoje, a gente consegue dizer que, talvez, um dos nossos grandes problemas não esteja na aprendizagem e sim na ‘ensinagem’. Não é que o menino não aprendeu, o professor não ensinou. A gente consegue ver isso por esses painéis”, explica a adjunta.

A perda de aprendizagem nos alunos da rede estadual é uma das preocupações da pasta, segundo Geniana e o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, que se reuniram com jornalistas nesta terça-feira (30)
para apresentarem um panorama de ações que serão realizadas pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) na gestão da comunidade escolar em 2024. A reunião aconteceu na Escola Estadual Barão do Rio Branco, no bairro Funcionários, região Central de Belo Horizonte.

Plano de Recomposição de Aprendizagens

A SEE vai lançar um Plano de Recomposição de Aprendizagens (PRA), com o objetivo de orientar as escolas para se atentar no nível de aprendizagem consolidada por cada aluno. A secretária-adjunta, Geniana Guimarães, afirma que com a consolidação dos números a partir do controle digital, é mais fácil identificar quais eram os projetos previstos, quais os projetos que a escola realizou, qual o número de alunos infrequentes, realizar o diagnóstico dos estudantes e a partir desses dados questionar os diretores e realizar o plano de ação para cada escola.

O secretário Igor de Alvarenga comentou sobre como será realizado o controle das medidas propostas para que estas estejam de fato aplicadas nas escolas e como será feita essa fiscalização.

“Nós, enquanto secretaria, temos como preocupação monitorar as escolas, por isso, contamos com uma subsecretaria de articulação educacional. Ao iniciar o ano, nós enviamos um documento norteador para os diretores com o passo a passo sobre o que ele tem o que fazer. Após isso, perguntamos a gestão escolar o que foi feito e o que não foi feito. Além disso, solicitamos a ida de inspetores in loco verificar, isso em relação à gestão da estrutura escolar”, explica.

Em relação à frequência dos alunos, o secretário afirma que todos os alunos são monitorados. “Nós temos um sistema onde o diretor entra e precisa justificar quais são os motivos desses estudantes não estarem indo às aulas e qual foi a ação realizada para que esse estudante retorne as aulas”, diz.

A merenda escolar também foi outro ponto tratado na reunião. Segundo Alvarenga, um time de nutricionistas foi escalado para fazer visitas nas escolas para averiguar a qualidade da alimentação nas escolas. “Ainda não são muitos, mas a nossa intenção é expandir”, afirma.

O titular da pasta disse, por fim, que o principal desafio é aproximar o poder público da comunidade escolar, mas que não faltam esforços para isso.

“Nós temos 47 regionais de ensino. Durante o período que estive a frente da pasta, fiz questão de visitar todas e me tornei o primeiro secretário à frente da pasta a propor o diálogo com todas”, afirmou o secretário que também é ex-professor da rede estadual.

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Projeto Socioemocional

A SEE também destacou importância em fortalecer a questão psicossocial na comunidade escolar do estado. Desta forma, serão estabelecidas diretrizes para a formação de Especialistas na Educação Básica (EEB) a fim de realizar o acompanhamento dos estudantes e contribuir com a prevenção do bullying e da violência no ambiente escolar.

“O projeto já inicia em fevereiro, com a aplicação de um diagnóstico para que a gente consiga entender o clima escolar e atuação que a gente precisa desenhar. Em um primeiro momento, quem vai responder serão os professores e diretores. Em um segundo momento, estudantes também responderão esse questionário e após isso nós iremos fazer a capacitação dos especialistas das nossas escolas para que eles possam atuar nas competências socioemocionais dos nossos estudantes”, afima o secretário.

Questionado sobre os critérios que serão adotados para definir o grau de prioridade das escolas para receber esse atendimento, respondeu que “será definido pela equipe técnica”.

ICMS da educação

O secretário de educação foi questionado sobre a polêmica do ICMS da Educação, que foi adotado para adequar a legislação de Minas ao novo Fundeb, que, instaurado ainda em 2020, aumentou de 2% para 10% o mínimo de recursos de ICMS que os estados devem repassar às cidades conforme indicadores de educação.

“Estamos abertos ao debate. O ICMS foi sabatinado e passou por toda Assembleia Legislativa. Sabemos que, o critério proporcionalidade da quantidade de estudantes atendidos é um dos critérios que está dentro do indicador e a lei fala claramente que a qualidade de atendimento educacional que deve ser uma garantia do ICMS educacional”, declara. Alvarenga afirma que diante a situação, não vê como adequado suspender o repasse.

Também foi questionado se o estabelecimento do ICMS poderia inviabilizar o plano de ações apresentado pela secretaria. “Não, eu vejo que os municípios vão deixar de ter um repasse, mas vai continuar tendo outros repasses, como o Fundeb via per capita e também outros municípios que não recebiam vão receber”, afirma.

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Repórter de Política Nacional e Internacional na rádio Itatiaia. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pós-graduanda em Comunicação Governamental na PUC Minas. Sólida experiência no Legislativo e Executivo mineiro. Premiada na 7ª Olimpíada Nacional de História do Brasil da Universidade de Campinas.