A apresentação dos resultados da última edição do Enem, a primeira desde o início do terceiro governo Lula (PT), retratou a discrepância entre os alunos da escola pública que obtêm a nota máxima na redação e os matriculados na rede particular. Apenas quatro das 60 redações nota mil foram escritas por estudantes da rede pública; número equivale a menos de 7% do total, segundo levantamento do Inep, responsável pela elaboração e aplicação, publicado nesta terça-feira (16).
Questionado sobre a desigualdade refletida nesses números e possíveis medidas do Ministério da Educação para aumentar o número de alunos da rede pública com desempenho máximo da redação, o ministro Camilo Santana não soube pormenorizar ações que podem ser implementadas para corrigir a distorção. “A educação é um processo continuado. Você tem que ver todas as fases e os anos letivos. Para nós, o maior programa construído com as redes no ano passado foi o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada”, citou. “Então, quando a criança aprende a ler e a escrever na idade certa, há melhoria no aprendizado em todos os anos letivos”, pontuou. “Todos os esforços são importantes nesse sentido. Precisa começar desde o início dos anos fundamentais para ter um resultado ao final do ensino médio”, acrescentou.
Apesar de não ter apresentado ações práticas para os próximos três anos de governo que visem a correção dessa distorção, o ministro admitiu que o MEC ‘pode pensar’ em medidas para estimular o desempenho dos alunos na redação. “Sei que tem muitas iniciativas estaduais e municipais de estímulo aos jovens que vão fazer o Enem. Podemos pensar para estimular, focado na redação”, ponderou.
As quatro redações de alunos da escola pública que alcançaram a nota máxima do Enem são de estudantes dos estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. Em Minas Gerais, dois matriculados na rede particular tiraram 1000 no Enem. O Estado, aliás, perde para São Paulo, Rio de Janeiro, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Piauí, Pará, Goiás, Ceará e Bahia na quantidade de notas máximas. A seguir, confira a lista de 1.000 no Enem por estado:
- Acre: 0;
- Alagoas: 0;
- Amazonas: 1;
- Amapá: 0;
- Bahia: 4;
- Ceará: 4;
- Distrito Federal: 1;
- Espírito Santo: 2 (uma delas, na rede pública);
- Goiás: 4;
- Maranhão: 0;
- Minas Gerais: 2;
- Mato Grosso do Sul: 0;
- Mato Grosso: 0;
- Pará: 3;
- Paraíba: 0;
- Pernambuco: 2;
- Piauí: 6;
- Paraná: 0;
- Rio de Janeiro: 7 (uma delas, na rede pública);
- Rio Grande do Norte: 6 (uma delas, na rede pública);
- Rondônia: 0;
- Roraima: 0;
- Rio Grande do Sul: 6;
- Santa Catarina: 1;
- Sergipe: 3;
- São Paulo: 7;
- Tocantins: 1 (uma delas, na rede pública).