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Brumadinho 5 anos: governo publica lei determinando que indenizações não podem ser consideradas renda

Lei publicada nesta segunda-feira (15) é fruto de uma proposta do ex-senador Antonio Anastasia, apresentada à época da tragédia que matou 270 pessoas em Brumadinho

Tragédia em Brumadinho completa cinco anos no próximo 25 de janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta segunda-feira (15), a sanção de uma lei determinando que as indenizações e os auxílios financeiros temporários recebidos por vítimas de barragens não podem ser considerados renda durante análise para cadastro dessas pessoas em programas assistenciais — como Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), por exemplo. Essa lei prevê que as pessoas sigam recebendo os auxílios e consigam o recadastro apesar das indenizações ou ajuda temporária prestada pelas mineradoras.

Apresentada pelo então senador Antonio Anastasia após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, a proposta tramitava no Congresso Nacional desde 2019. A publicação da lei ocorre dez dias antes do aniversário de cinco anos da tragédia, que deixou 270 mortos no município mineiro. À época, famílias não conseguiram se recadastrar em programas sociais porque recebiam a compensação financeira de R$ 600 paga pela Vale — o que as deixava acima da faixa de renda elegível para o Bolsa Família e o BPC.

A lei publicada nesta segunda foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em outubro. Em análise, os parlamentares indicaram que o aumento na renda através de indenizações ou auxílio temporário é artificial e, portanto, as pessoas não poderiam ser excluídas dos programas sociais. Assim, segundo o texto aprovado, as indenizações e os auxílios são desconsiderados do cálculo da renda familiar no momento da inscrição no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.