O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) assinaram, nesta segunda-feira (13), um acordo de cooperação para criar um canal de denúncias e compartilhamento de informações sobre os ataques sofridos por vereadoras.
A ideia é ampliar a capacidade de investigação dos órgãos competentes, para que este tipo de ameaça, que tem ocorrido de forma recorrente nos últimos meses, contra vereadoras e deputadas estaduais e federais, principalmente as ligadas ao campo da esquerda, deixe de ocorrer.
A vereadora Iza Lourença (Psol), uma das que vem sofrendo ameaças misóginas, homofóbicas e racistas por e-mail mencionou a frustração de ter que ser escoltada o tempo inteiro, perdendo a própria privacidade, por causa dessas ameaças. Ela também disse que a filha, de apenas três anos de idade, vem sendo alvo de ataques, e que só as ameaças já são um tipo de violência.
“Mudou tudo. A gente não pode ir mais em uma padaria, não posso levar minha filha em uma praça sem estar escoltada. Eu penso muito sobre a minha filha, porque ela é uma criança de três anos que vai crescer aprendendo que estar na política é estar sob violência. Porque a mãe dela escolheu ser vereadora, ela é ameaçada e anda em um carro com segurança armada, anda com colete à prova de balas. A gente precisa mudar essa cultura, que as próximas gerações aprendam que elas podem fazer política e que elas possam ser o que elas quiserem e que elas não serão violentadas por isso”, afirmou.
Canal de denúncias
De acordo com o Procurador-Geral adjunto de Justiça de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt, a abertura desse canal de denúncias, tem o objetivo de facilitar o encaminhamento de informações sempre que um crime de ameaça for cometido contra as parlamentares.
“O MP, a partir das suas estruturas de investigação, está empenhado em resolver esses crimes, que são praticados em ambiente cibernético, às vezes de forma menos ou mais elaborado. As investigações estão caminhando”, informou às vereadoras.
Bittencourt disse, ainda, para as vereadoras não desistirem.
“Não desistam, o MP não tolera esse tipo de comportamento. Estamos empenhados em apurar esses crimes e não permitir esse tipo de atitude. Vejo com muita preocupação o teor dessas mensagens endereçadas às vereadoras. Isso não é compatível com a civilidade das nossa relações na democracia que hoje vivemos”, completou.