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Demitida da Caixa, Rita Serrano desabafa: ‘10 meses sob forte pressão’

A ex-presidente da Caixa Econômica Federal Rita Serrano publicou um comunicado nesta quinta-feira (26) falando sobre sua saída do comando do banco

A ex-presidente da Caixa Rita Serrano divulgou um comunicado nesta quinta-feira

A ex-presidente da Caixa Econômica Federal Rita Serrano afirmou nesta quinta-feira (26) que seus 10 meses de gestão à frente do banco foram marcados por forte pressão. Rita Serrano foi demitida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira (25), para abrigar o Centrão no comando da Caixa e nas vice-presidências. Ela foi a terceira mulher do alto escalão do governo a ser demitida.

Além de Serrano, as ex-ministras do Turismo Daniela Carneiro e dos Esportes Ana Moser, foram substituídas por homens. As mudanças foram feitas por Lula para abrigar indicados por partidos do Centrão. O novo presidente da Caixa será o economista Carlos Antônio Vieira Fernandes.

Em nota, Rita Serrano agradeceu ao presidente Lula confiança, mas destacou que ser mulher em espaços de poder é algo desafiador. “Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses à fio na imprensa. Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho”, disparou Serrano.

Rita Serrano enalteceu os resultados da Caixa, que este ano, registrou lucro líquido no primeiro semestre de R$ 4,5 bilhões, um aumento de 3,2% em relação ao mesmo período de 2022. Rita Serrano disparou contra as gestões do banco durante os mandatos dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB). “A partir de 2016, a agenda privatista do governo Temer se deu na CAIXA por meio da privatização de operações via ampliação das participadas, que não necessitam de autorização do Congresso Nacional. Entre 2017 e 2021, o lucro da CAIXA foi muito influenciado, especialmente, pela venda de ativos, como ações da Petrobras, IRB e Banco Pan, além da abertura de capital da Caixa Seguridade”, criticou Serrano no comunicado.

A ex-presidente da Caixa afirmou que o obscurantismo aplacou o comando do banco entre 2019 e 2022, e citou os episódios de assédio moral contra o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, que era aliado de Bolsonaro. “No ano passado, as denúncias de assédio moral e sexual se espalharam dentro do banco e viraram manchetes do noticiário, devido ao fato do ex-presidente da CAIXA ser o epicentro das denúncias. Esses episódios, além de deixarem graves cicatrizes coletivas e pessoais, afetaram os negócios e impactaram a boa governança do banco, período marcado por alta rotatividade nos cargos de direção”, destacou Serrano.

Ainda em nota, Rita Serrano afirmou que, nos próximos dias, fará a transição com o futuro presidente do banco, a quem desejou boa sorte. “Quanto a mim, volto a ser bancária, com muito orgulho”, concluiu Serrano.

Repórter da Itatiaia desde 2018. Foi correspondente no Rio de Janeiro por dois anos, e está em Brasília, na cobertura dos Três Poderes, desde setembro de 2020. É formado em Jornalismo pela FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso), com pós-graduação em Comunicação Eleitoral e Marketing Político.