O hacker Walter Delgatti Neto disse que entregará à Câmara Legislativa do Distrito Federal uma conversa com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). No diálogo, segundo Delgatti, a parlamentar confessa ser a responsável por enviar o texto sobre o falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Delgatti está preso desde 2 de agosto por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando de Zambelli (PL-SP).
“Existe uma conversa minha com a Carla, que ainda não saiu na mídia, em que ela confessa que realmente foi ela”, afirmou o hacker durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos nesta quinta-feira (14), que acontece na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
O deputado distrital Hermeto (MDB), relator da CPI, pediu então que a conversa fosse enviada para a comissão. Ao lado de seu advogado, o hacker prometeu que todo o material de provas falado durante a oitiva será entregue.
A defesa da deputada Carla Zambelli disse que refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas que chamou de “ilícitas e ou imorais” de Walter Delgatti.
“Observa-se que a citada pessoa, como divulgado em diversas reportagens, usa e abusa de fantasias em suas palavras. Suas versões mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras”, completou.
Durante o depoimento, Delgatti também repetiu acusações que já tinha feito anteriormente à Polícia Federal (PF) e à CPMI do Congresso Nacional. “Fui cooptado pelo ex-presidente em propostas semelhantes a de Zambelli. Tive autorização de ‘carta branca’ de Bolsonaro de forma expressa”, declarou.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro foi procurada, mas ainda não deu retorno.
Delgatti também disparou contra a Polícia Federal. Disse que “há mais elementos na investigação atual que não pratiquei”.
E falou especificamente dos delegados do caso: “Os investigadores do caso atual são os mesmos de antes e são bolsonaristas. Estão fazendo esse caos todo.”
Em nota, a Polícia Federal disse que não se manifesta sobre eventuais investigações em curso. Internamente, o depoimento do hacker é visto pelos investigadores como “pirotécnico e fantasioso” e que não há provas sobre as falas.