Vice de Zema nega atraso da ALMG em PEC que elimina referendos antes da venda de estatais

Governador em exercício, Mateus Simões disse ter ‘certeza’ de que debate de proposta para viabilizar privatizações vai avançar no Legislativo

Mateus Simões assistiu ao desfile de 7 de Setembro em BH

O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), disse, nesta quinta-feira (7), ter “certeza” de que a discussão em torno da possibilidade de eliminar referendos obrigatórios para viabilizar a venda de estatais vai “caminhar” na Assembleia Legislativa. No fim de agosto, o Executivo enviou, aos deputados estaduais, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a necessidade de consulta popular antes da privatização de empresas como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O texto, porém, sequer começou a tramitar no Parlamento.

“Tenho certeza que vamos conseguir caminhar com essa discussão (sobre a PEC do fim do referendo). Não significa que seja uma discussão fácil ou que a Assembleia esteja atrasada. Temos de fazer a discussão — e tenho a certeza de que a Assembleia está pronta para isso. O povo mineiro está na expectativa de ver como a Assembleia vai se pronunciar. Então, tenho a perspectiva de que, até o final do ano, a gente consiga do outro lado dessa discussão”, afirmou Simões, após o desfile de Sete de Setembro, na Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte.

Antes de começar a tramitar nas comissões da Assembleia Legislativa, um projeto precisa ser lido em plenário. A tarefa cabe à Mesa Diretora da Casa. Essa etapa ainda não aconteceu. Como mostrou a Itatiaia, deputados acreditam que, na atual conjuntura, o governo não conseguiria os votos suficientes para aprovar a PEC. Por isso, o texto, visto como saída para facilitar as desestatizações, não começou a ser formalmente analisado.

Governador em exercício por causa de uma viagem internacional do correligionário Romeu Zema, Simões pregou a necessidade de “respeitar o papel” de cada um dos Poderes.

“A Mesa (Diretora) tem o seu momento de fazer a leitura. A gente respeita”, falou. “É absolutamente essencial que a gente respeite o tempo do presidente Tadeu (Martins Leite, do MDB) e da Mesa Diretora da Assembleia para conduzir essa discussão. Sei que ele o faz de forma a preservar os interesses dos mineiros — e os mineiros têm seus interesses preservados quando a discussão se dá lá com tranquilidade. E isso nem sempre acontece no dia que a gente no dia que a gente apresenta a proposta”, completou.

A ideia da equipe de Zema, além do fim dos referendos, é diminuir o número de votos necessários para conseguir o aval legislativo a uma privatização. Atualmente, é preciso conseguir manifestações favoráveis de 48 dos 77 deputados, número equivalente a 3/5 do total de assentos do Parlamento. As bases da proposta preveem a exigência, apenas, de maioria simples — 39 votos, portanto. Segundo o Palácio Tiradentes, o objetivo é adequar a Constituição Estadual à Constituição Federal.

Quando a PEC do fim dos referendos chegou à Assembleia, o presidente Tadeu Martins Leite pregou cautela e diálogo.

“Minas Gerais precisa avançar, se modernizar e se tornar ainda mais competitiva, mas nada será feito às pressas. Os mineiros merecem que esta decisão seja tomada com muito diálogo, responsabilidade e cuidado com o que é patrimônio da população”, prometeu o emedebista.

A PEC vai ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia e, depois, passará por uma Comissão Especial. No plenário, serão dois turnos de votação. A oposição, liderada pelo PT, promete lançar mão da obstrução para barrar a Emenda Constitucional.

ICMS adicional é ‘muito importante’

Ao listar as pautas importantes para o governo que, neste momento, são debatidas pelos deputados, Mateus Simões fez menção ao projeto de lei (PL) que autoriza a retomada da cobrança adicional, de até dois pontos percentuais, do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre produtos supérfluos.

A alíquota extra se aplica a itens como cervejas, refrigerantes, armas de fogo, bebidas energéticas, produtos de tabacaria, rações para pets, perfumes, cosméticos, celulares e câmeras fotográficas. O adicional vale, também, para equipamentos para pesca esportiva e equipamentos de som ou vídeo para carros, como alto-falantes e amplificadores.

O governo espera arrecadar entre R$ 800 milhões e R$ 1,2 bilhão ao ano com a cobrança. As receitas serão repassadas ao Fundo de Erradicação da Miséria (FEM). A poupança pública serve, por exemplo, para ajudar a custear o pagamento integral do Piso Mineiro da Assistência Social.

“Temos projetos importantes em tramitação neste momento. O projeto do FEM, Fundo de Erradicação da Miséria, é muito importante para nós. Foi aprovado em mais uma comissão (a CCJ) nesta semana”, pontuou o vice-governador.

Simões contou que, antes de Zema viajar à Europa, em missão que terá escala nos Estados Unidos da América (EUA), fez um “compromisso” de manter a máquina pública em pleno funcionamento.

“O governador viajou há dois dias, de manhã. Desde então, a gente já teve, até, algumas votações acontecendo na Assembleia. Meu compromisso com ele é não causar nenhum tumulto. Minha relação com os deputados é muito positiva. No que for possível, vou auxiliar o secretário Gustavo Valadares (da pasta de Governo) para que nossas pautas continuem andando”, assegurou.

Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades.
Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.

Ouvindo...