O coronel Fábio Augusto Vieira, que era o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal no dia 8 de janeiro, se recusou a responder aos questionamentos da CPMI dos Atos Antidemocráticos alegando que a defesa não teve acesso aos autos do processo.
Na abertura da oitiva, o coronel Fábio Augusto Vieira disse que não compactuou com os ataques ao Estado Democrático de Direito.
”Fiquei consternado ao ver vândalos, verdadeiros terroristas, depredando prédios públicos, patrimônios históricos, e atacando instituições do nosso país, que sempre protegi com muita dedicação. Jamais compactuei, participei ou permiti que atacassem nosso Estado Democrático de Direito”, afirmou o coronel, durante os minutos destinados para a sua fala antes da oitiva.
Ainda em seu discurso, que durou cerca de 5 minutos, o coronel Fábio Augusto Vieira afirmou que a responsabilidade pela atuação da tropa na Praça dos Três Poderes era dos comandantes operacionais.
“A presença do comandante-geral no terreno não atrai automaticamente o comando da operação em curso, que continua sendo dos comandantes operacionais, seja os comandantes regionais, comandantes de batalhões, que foram escalados pelo departamento de operações, participaram do planejamento, e possuem as minúcias táticas daquela operação”, justificou.
Antes da oitiva, o presidente CPMI, deputado Arthur Maia, do União Brasil da Bahia, criticou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin, que permitiu ao depoente ficar em silêncio para não se autoincriminar e não fazer o juramento de dizer apenas a verdade.
“Discordo, peremptoriamente desta decisão, mas eu vou cumpri-la. Portanto, eu não vou submetê-lo ao compromisso (de dizer a verdade). Vamos pular essa parte, e passar direto para a falar dos parlamentares, já que essa presidência não pode submeter o depoente ao compromisso de dizer a verdade”, disparou Arthur Maia na abertura dos trabalhos.
O coronel Fábio Augusto Vieira e outros seis oficiais da PM do Distrito Federal foram presos em 18 de agosto por determinação do ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Segundo a Procuradoria-Geral da República, a cúpula da PM foi omissa e deixou de agir para impedir os ataques aos prédios. O coronel Fábio Augusto já havia sido preso em janeiro, dias após os atos antidemocráticos. A CPMI vai ouvir na quinta-feira (31) o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias.