Relatório da Polícia Federal tornado público nesta sexta-feira (16) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, mostra que o sargento do Exército, Luís Marcos dos Reis, participou dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e chegou a subir na cúpula do Congresso Nacional durante a invasão ao prédio.
Dos Reis fazia parte da equipe da Ajudância de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), liderada pelo tenente-coronel Mauro Cid. Ao lado do chefe,
Alexandre de Moraes tornou o relatório da PF público após a revista Veja publicar trechos que demonstram que Mauro Cid tinha um documento armazenado em seu celular com uma espécie de “roteiro do golpe”, que envolvia o afastamento do próprio Moraes e dos ministros do STF, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia e a nomeação de um interventor para “o restabelecimento da ordem constitucional”.
Leia mais:
A Polícia Federal também encontrou mensagens enviadas pelo coronel Jean Lawand a Cid, no qual o militar sugere que o ajudante de ordens convença Bolsonaro a decretar uma intervenção militar após a derrota na eleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Cidão, pelo amor de Deus cara, dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do, do Comandante Supremo”, disse Lawand em áudio transcrito pela PF.
‘Estou na muvuca’
Já no telefone de Luís Marcos dos Reis a Polícia Federal encontrou um vídeo que ele encaminhou a um contato. “É possível observar que LUIS MARCOS DOS REIS está na cúpula do Congresso Nacional, juntamente com outros manifestantes” no dia 8 de janeiro, afirmam os policiais no relatório.
Em uma conversa de WhatsApp com um primo, que pergunta como a situação está em Brasília, Dos Reis responde às 18h30 daquele dia. “Você está vendo televisão, porra! Eu estou no meio da muvuca! Não sei o que tá acontecendo! O bicho vai pegar”, diz ele, em áudio cujo conteúdo foi transcrito no relatório.
Após ouvir pedido para tomar cuidado, Luís Marcos dos Reis responde que “cada um [tem] que fazer a nossa força aqui”. “Entraram no Planalto, no Congresso, Câmera dos Deputado [sic] e entrou no STF. E quebrou, arrancou as tonga [sic] lá daqueles ladrão. Arrancou tudo [...] O bicho pegou hoje aqui”.
Por volta das 20h, Dos Reis diz ao primo que já estava em casa pois tinha que trabalhar no dia seguinte. “O recado foi dado”, diz o ex-integrante da Ajudância de Ordens de Bolsonaro.