O prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), cobrou do governador mineiro Romeu Zema (Novo) a assinatura do acordo de compensação pelas perdas causadas em virtude da tragédia de Mariana, em 2015. Durante a cerimônia de
“Vossa excelência assegurou, no discurso inaugural de seu segundo mandato, que a reparação da tragédia de Samarco, Vale, BHP e Renova é uma prioridade. Urge, de fato, governador, que a compensação se efetive, pondo fim ao descalabro provocado pela Fundação Renova e à tergiversação que prorroga as decisões e protela o acordo”, disse, em menção às mineradoras que controlavam o empreendimento minerário e em alusão à fundação criada para tratar do processo de reparação.
Zema e Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, buscam a conclusão das conversas a respeito das cifras do acordo. O governo federal também participa dos debates. Nesta semana, durante passagem por Brasília (DF), o chefe do poder Executivo de Minas Gerais
A cobrança por agilidade, aliás, também marcou o pedido de Ângelo Oswaldo. Ele tratou do tema ao discursar depois da
“Não é mais possível sustentar a longa e assombrosa espera. É visível o drama. Nossas rodovias estão destruídas; os rios, poluídos; a população, empobrecida. Projetos sociais de relevância carecem dos recursos financeiros retidos pelas querelas ou malbaratados pelo desperdício acintoso da Fundação Renova”, criticou.
Houve tempo, ainda, para Oswaldo lembrar de Tiradentes. Segundo ele, se vivo fosse, o mártir da Inconfidência mineira comandaria a população do estado contra o que chamou de “ditadura das mineradoras”.
A Itatiaia procurou, por e-mail, a Fundação Renova para obter posicionamento a respeito das críticas de Ângelo Oswaldo. A nota, na íntegra, foi incluída no fim desta matéria.
Histórico
O derramamento de lama proveniente da Barragem de Fundão tirou 19 vidas e destruiu Bento Rodrigues, distrito de Mariana. Os rejeitos chegaram ao Rio Doce e, por isso, afetou o Espírito Santo.
No ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR), em acordo com os dois estados, sugeriu às mineradoras o pagamento de R$ 65 bilhões a título de indenização. As cifras seriam quitadas em 16 anos. As mineradoras recusaram a oferta. Dois anos atrás, vale lembrar, estado e Vale fecharam acordo de R$ 37,68 bilhões em virtude do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.
“Alguns dizem que livre e democrático é o país que consagra o liberalismo econômico. No entanto, quando a doutrina liberal serve de defesa aos interesses que espoliam a riqueza da nação e os direitos do povo, é Tiradentes quem desperta, encoraja e anima. Ele nos ensina que a exploração despótica e arbitrária, arrogante e cruel, dos recursos minerários do Brasil, não pode prevalecer sobre o destino da nossa pátria”, falou Angelo Oswaldo.
Confira a nota da Fundação Renova, na íntegra
A Fundação Renova é uma entidade privada, sem fins lucrativos, baseada na transparência e no diálogo com a sociedade. Os processos da instituição são acompanhados e fiscalizados, permanentemente, por auditorias externas independentes.
A Fundação Renova informa que até fevereiro de 2023 indenizou 411,7 mil pessoas, com pagamento de R$ 13,79 bilhões em indenizações e Auxílios Financeiros Emergenciais (AFEs).
Das 560 famílias com imóveis afetados pelo rompimento da barragem de Fundão, 268 tiveram os seus casos resolvidos com a mudança para novos imóveis ou indenizações.
Até março de 2023, 123 imóveis tiveram obras finalizadas no novo distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG); outros 39 imóveis tiveram obras iniciadas. Foram finalizadas as seguintes obras: infraestrutura de vias, drenagem, energia elétrica e redes de água e esgoto, Estação de Tratamento de Esgoto, Estação de Tratamento de Água, postos de Saúde e Serviços, Escola Municipal, duas praças e o templo da Igreja Assembleia de Deus.
Em Paracatu, 45 imóveis tiveram obras finalizadas, e a construção de outros 16 foi iniciada. A infraestrutura está concluída e estão em construção as escolas Infantil e Fundamental, Posto Avançado de Saúde, Salão Comunitário, Posto de Serviços, praça Santo Antônio, além das estações de tratamento de Água e Esgoto.
Foi concluída a restauração florestal nas áreas diretamente impactadas pelo rejeito em mais de 200 propriedades rurais de Mariana, Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova.