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Lula quer manter ministra do Turismo mesmo com pedido de desfiliação no União Brasil

Crise interna no partido aumentou após Daniela Carneiro pedir a desfiliação e criticar direção nacional

Ministra Daniela Carneiro pediu a desfiliação do União Brasil e acirrou a crise interna no partido

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer manter Daniela Carneiro no Ministério do Turismo, mesmo após ela ter pedido para sair do União Brasil, partido que a indicou para o cargo.

Alvo de denúncias por envolvimento com a milícia no Rio de Janeiro desde a primeira semana do governo, Daniela se manteve no cargo e foi considerada peça importante para que o governo Lula conseguisse o apoio do União Brasil no Congresso Nacional.

A sigla, no entanto, continua dividida e parte dos deputados e senadores fazem oposição ao governo.

Deputada licenciada, Daniela e outros cinco colegas de Câmara entraram com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para conseguir deixar o União Brasil sem perder o mandato, sob a alegação de “assédio” político por parte da direção nacional.

Veja mais: Ministério Público do Rio de Janeiro abre investigação contra ministra Daniela Carneiro

Embora tenha sido indicada na cota do partido - que controla três ministérios -, Daniela é casada com o prefeito de Belfort Roxo (RJ), Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho. O casal apoiou Lula na campanha eleitoral do ano passado.

Waguinho comandava o diretório do União Brasil no Rio, mas se desfiliou após ser substituído no cargo. Ao sair, acusou o deputado Luciano Bivar, presidente do partido, de “intervenção”.

O prefeito, a ministra e os outros cinco deputados dizem que Bivar e Antonio Rueda, vice-presidente da legenda, querem “impor” suas decisões a qualquer custo.

“O governo não interfere nos problemas internos dos partidos”, afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). “Daniela Carneiro sempre contou com todo o apreço do presidente Lula”, disse.

Cargos

Além do Turismo, o União Brasil tem os ministérios de Comunicações e Integração. O movimento que atinge Bivar foi deflagrado sob a acusação de que ele age como se dirigisse um “partido de cartório”.

Deputados afirmam que o presidente do União Brasil negociou na surdina cargos nas administrações do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD).

Waguinho já se filiou ao Republicanos, partido que não integra a base aliada do governo Lula, mas também não é de oposição. O Republicanos se declara independente em relação ao Palácio do Planalto e, nos últimos dias, tem se aproximado do presidente.

A ministra do Turismo e os outros deputados também querem migrar para a legenda, presidida pelo deputado Marcos Pereira (SP). Antes, porém, precisam de autorização do TSE para não correrem o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.

O processo foi encaminhado para o gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou na terça no Supremo Tribunal Federal e será substituído no TSE por Kassio Nunes Marques. Em sua última decisão, Lewandowski deu prazo de cinco dias para que o União Brasil responda às denúncias apresentadas por Daniela e seu grupo para pedir a desfiliação por justa causa.

“Isso é coisa de advogado que fabrica justificativas para seus clientes”, disse Bivar.

Questionado se não há mal-estar na permanência do partido no Ministério do Turismo, com Daniela em guerra com a cúpula do União Brasil, Bivar afirmou que esse assunto diz respeito ao Planalto.

“O ministério é do governo. Agora, o Rio de Janeiro não pode ser uma ilha, nem o partido uma confederação”, destacou. “O União Brasil gastou mais de R$ 60 milhões para eleger esses deputados e não vai abrir mão deles assim”, disse.

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