Alvos da operação Lava Jato, os empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, estão na lista de convidados pelo governo federal para acompanhar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem à China.
Veja mais:
A lista de convidados foi organizada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), que viajou para a China na segunda-feira (20), uma semana antes da visita de Lula. Ao todo, 102 empresários estão na comitiva brasileira, entre eles grandes agentes agroexportadores.
Em 2017, ao fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público, os irmãos Batista afirmaram ter depositado US$ 150 milhões em contas no exterior, a pedido do ex-ministro Guido Mantega (PT), para abastecer campanhas do presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff.
As defesas de Lula, de Mantega e da ex-presidente Dilma sempre negaram os depósitos informados por Joesley Batista em delações premiadas. O MP concluiu que não foram apresentadas provas para confirmar o recebimento dos repasses da JBS.
Em suas delações, Joesley afirmou que pagou propina a vários políticos importantes, como o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Aécio Neves (PSDB).
O deputado Aécio Neves negou qualquer irregularidade na relação com o empresário e, por meio de sua assessoria, informou que Joesley voltou atrás sobre os repasses ao deputado mineiro.
“Joesley Batista jamais disse ter pago propina ao deputado Aécio Neves além de afirmar que nunca houve nenhuma irregularidade no seu relacionamento com o parlamentar. Em depoimento à Justiça, ele afirmou: ‘Sempre foi doação eleitoral. Não era propina... A minha relação com Aécio jamais teve nenhum vínculo de obrigação de nenhuma contrapartida’. O deputado Aécio Neves foi absolvido de todas as acusações na 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo”, diz Aécio.
Outros nomes
A comitiva petista que desembarcará sábado em Pequim tem outros nomes que foram alvos de investigações da Lava Jato, como Marcos Molina, da Mafrig, que afirmou em delação ter pago R$ 617 mil a um operador do então deputado Geddel Vieira Lima (MDB), ex-vice-presidente da Caixa, e Antônio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, que afirmou em delação ter feito uma doação de R$ 100 de caixa dois à campanha de Onyx Lorenzoni, ex-deputado federal e ex-ministro do governo Bolsonaro.
Roteiro definido
Lula embarca para a China na sexta-feira (24) e na próxima terça-feira (28) tem uma reunião com lideranças políticas chinesas, entre elas o presidente chinês Xi Jinping.
A comitiva vai se reunir também com empresários chineses. Serão cerca de 500 empresários em um seminário promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
(Com agências)