Dona de uma agência de turismo com contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte, a empresária Eloá Maria Starling Mendes Ribeiro confirmou em depoimento à CPI do Abuso de Poder, na Câmara Municipal, que
Eloá é dona da Unitour Universal Turismo Ltda. que, em 2017, assinou um contrato com a prefeitura, durante a gestão de Kalil, no valor de R$ 1,2 milhão em uma licitação emergencial.
A empresa dela havia ficado em segundo lugar no certame, mas o Executivo municipal descartou a proposta da primeira colocada, SX Tecnologia.
Em 2019, dois anos depois da assinatura do contrato, Eloá pagou por hospedagens de Alexandre Kalil no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, um dos hotéis mais caros da capital fluminense.
Amizade com Kalil
Em depoimento à CPI, Eloá Maria Starling Mendes Ribeiro, disse que é amigo de Kalil e sua família há anos e confirmou que era comum a prática de pagar por despesas do ex-prefeito e receber o “reembolso” somente depois.
“O dr. Alexandre, a explicação da vida dele conosco é o seguinte: eu já o conheço há muitos anos. O pai dele era amigo do meu marido [Fernando Mendes Ribeiro]. Sempre foi meu marido que atendia ao pai, depois veio atendendo também ao filho e a Erkal. Eu tinha um contrato dele comigo para segurar às vezes quando ele atrasava alguma coisa. Era uma ordem do meu marido não deixar de atender ao dr. Alexandre e ao pai dele”, explicou Eloá aos vereadores integrantes da comissão.
“Como a amizade do meu marido pelo pai do dr. Alexandre era muito grande, sempre que todos eles pediam alguma coisa a gente atendia e eles acertavam depois com a gente. Faturando pela empresa, indo pelo faturamento normal, ou anotava e esperava para acertar devagar. Do jeito que meu marido pedia que fosse feito”, continuou.
Além da Prefeitura de Belo Horizonte, a Unitour também já teve contrato firmado com o Clube Atlético Mineiro - até 2021. Kalil foi presidente do clube entre os anos de 2009 e 2014.
Licitação com a Prefeitura de BH
A Unitour participou de uma licitação com a Prefeitura de Belo Horizonte em 2017. A concorrência foi feita no modelo “emergencial” e o contrato teve duração de 180 dias.
Embora tenha ficado em segundo lugar no certame, a agência de turismo foi declarada vencedora na ocasião e assinou um contrato de R$ 1.243.721,75 com a PBH. O objeto do contrato era a “prestação de serviços sob demanda, de reserva, emissão, remarcação, alteração ou cancelamento e entrega de bilhetes de passagens aéreas, terrestres, nacionais e internacionais, reserva de hospedagem em todo o território nacional, com utilização de sistema informatizado de gestão”.
A SX Tecnologia apresentou um preço menor pelo serviço e ficou em primeiro lugar na disputa, mas foi descartada pela prefeitura por não ter um sistema que pudesse ser utilizado pelo Executivo internamente para solicitação e compra das passagens.
“Eles pedem um sistema que é colocado dentro da PBH. Estou imaginando que seja isso. Um sistema que a gente coloca e eles já fazem o pedido, que já chega pronto para a empresa”, explicou a empresária, que disse também não ter ficado sabendo que haveria outras empresas concorrendo na licitação.
Outros depoimentos
A oitiva da empresária Eloá Maria Starling Mendes Ribeiro foi a primeira de uma série de depoimentos já aprovados pela CPI do Abuso de Poder. A próxima está marcada para o dia 2 de março, quando o presidente do Conselho de Ética Pública de Belo Horizonte, Rodolfo Gropen será ouvido. O advogado foi Diretor de Gestão e Planejamento do Clube Atlético Mineiro durante a gestão de Kalil e Presidente do Conselho Deliberativo.