A empresária Eloá Maria Starling Mendes Ribeiro, dona da agência de turismo Unitour, foi ouvida nesta quinta-feira (16) pelos vereadores da CPI que investiga denúncias de abuso de poder na gestão do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).
Ela foi questionada sobre contratos fechados com a prefeitura a partir de 2017, quando iniciou o mandato de Kalil na prefeitura de BH, e sobre serviços pessoais prestados ao ex-prefeito.
Eloá afirmou que seu marido, Frederico Mendes Ribeiro, antigo dono da Unitour que faleceu em 2019, tinha uma relação próxima com Kalil e com o pai do ex-prefeito, Elias Kalil. Por isso pagava algumas despesas do ex-prefeito e não se importava com atrasos em pagamentos.
“O dr Alexandre, a explicação da vida dele conosco é o seguinte: eu já o conheço há muitos anos. O pai dele era amigo do meu marido. Sempre foi meu marido que atendia ao pai, depois veio atendendo também ao filho e a Erkal. Eu tinha um contrato dele comigo para segurar às vezes quando ele atrasava alguma coisa. Era uma ordem do meu marido não deixar de atender ao dr. Alexandre e ao pai dele”, explicou Eloá.
“Como a amizade do meu marido pelo pai do dr. Alexandre era muito grande, sempre que todos eles pediam alguma coisa a gente atendia e eles acertavam depois com a gente. Faturando pela empresa, indo pelo faturamento normal, ou anotava e esperava para acertar devagar. Do jeito que meu marido pedia que fosse feito”, continuou.
Em depoimento ao Ministério Público, Eloá informou que algumas despesas do ex-prefeito assumidas pela empresa foram pagas por Kalil com dinheiro vivo.
Os balanços contábeis da agência de turismo, entretanto, não registraram a entrada do pagamento. Segundo a Unitour, os R$ 25 mil em espécie teriam continuado com os proprietários da empresa em dinheiro vivo para pagar despesas pessoais dos donos.
Despesas no Copacabana Palace
Questionada na CPI sobre como o prefeito fazia os pagamentos para a empresa sobre despesas em uma hospedagem no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, Eloá Mendes disse que não se lembrava exatamente como eles eram feitos, mas que algumas vezes Kalil mandava o dinheiro e em outras vezes algum dos filhos repassava o dinheiro.
“Nesse caso específico, se não estou enganada, uma parte foi paga pela empresa, no cartão da empresa e outra parte foi no meu cartão. No meu cartão deve ter sido, inclusive, dividido para facilitar a espera do pagamento”, afirmou a empresária.
“Ele mandava o dinheiro para mim, às vezes o filho mandava ou outro pagava diretamente no banco. Eu tinha uma caderneta com ele. Tinha um acordo de segurar alguma fatura em atraso, alguma coisa com ele. Nós tivemos que fazer esse levantamento para eu me lembrar. O Dr Alexandre ia mandando para a empresa valores de dinheiro pequenos e que a gente juntava”, afirmou Eloá Mendes.
Questionada sobre uma licitação em caráter emergencial vencida pela Unitour, em 2017, Eloá disse que não foi informada sobre outras propostas apresentadas à Prefeitura de BH.
A Unitour apresentou a segunda proposta mais vantajosa no pleito, mas foi contratada pela PBH para prestar serviços de viagem. “Me disseram que a nossa proposta havia sido aceita nesta licitação emergencial”, explicou.
Depoimento remarcado
A segunda pessoa que estava agendada para ser ouvida nesta quinta-feira (16) na CPI, o Presidente do Conselho de Ética Pública de Belo Horizonte, Rodolfo de Lima Gropen, acabou tendo o depoimento adiado ainda no início da sessão. A reunião com Gropen foi remarcada para 2 de março.
A reportagem da Itataiaia entrou em contato com a assessoria do ex-prefeito Alexandre Kalil, que não quis se manifestar sobre a reunião desta quinta-feira (16) na CPI da Câmara de BH.