Deputados do PT com assento no Congresso Nacional entraram com uma notícia-crime pedindo investigação do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, por conta de um áudio enviado por ele a um grupo de amigos em que diz sobre a possibilidade de um golpe militar nas próximas semanas.
Os parlamentares pedem à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que determine ao Procurador-Geral de Justiça, Augusto Aras, que abra um inquérito para investigar sobre o que chamaram de “gravíssimos crimes” cometidos por Nardes - como incitação e incentivo a seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que ocupem as ruas e fechem as estradas contra o resultado das eleições presidenciais, que atestaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas urnas.
A ação também pede o afastamento de Nardes do cargo.
Reportagem da Folha de S. Paulo publicada neste domingo (20) revela uma mensagem de áudio encaminhada por Nardes a amigos do agronegócio em que ele diz que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas” e que seria questão de tempo para um “desenlace bastante forte da nação”, que teria consequências “imprevisíveis”.
Ele ainda diz que tem muitas informações sobre o assunto, mas que não poderia “falar muito”.
Entidades repudiam falas
Entidades que representam os Tribunais de Contas de todos o país divulgaram nesta segunda-feira (21) uma nota de repúdio contra mensagens atribuídas ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, sobre uma possibilidade de golpe militar nas próximas semanas.
A fala provocou indignação em diversos setores. A Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), o Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e o Instituto Rui Barbosa (IRB) divulgaram uma nota de repúdio em que dizem que a fala de Nardes traz ‘sério agravo à legitmidade democrática e ao ordenamento jurídico”.
“A Atricon e o CNPTC reiteram que os Tribunais de Contas do Brasil atuam com independência e impessoalidade, a fim de cumprir e fazer cumprir as regras e os princípios estabelecidos na Constituição Brasileira, à luz do Estado de Direito e do regime democrático”, diz trecho do documento, que pode ser conferido, na íntegra,
Retratação
Após a repercussão de sua fala, o ministro Augusto Nardes reconheceu que enviou um áudio “despretensioso” a um grupo de amigos e disse lamentar a interpretação que foi dada a ele.
Em nota enviada pela sua assessoria de imprensa, o ministro do TCU disse que “repudia peremptoriamente manifestações de natueza antidemocrática e golpistas, e reitera sua defesa da legalidade e das Instituições republicanas”.
