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Santuário do Caraça registra primeiras aparições de filhotes de lobo-guará após incêndios

Santuário foi atingido por incêndios fortes e duradouros em 2024 e chegou a suspender as atividades; lobos-guarás são símbolo do Caraça

Registros são um respiro para a biodiversidade local

Depois de enfrentar incêndios intensos no último ano, entre setembro e outubro, o Santuário do Caraça vive um cenário de recuperação. No último mês, um respiro para a biodiversidade e para os pesquisadores que acompanham o local foi registrado: a aparição de dois filhotes de lobo-guará nas câmeras de monitoramento do santuário.

O coordenador ambiental do Santuário do Caraça, Douglas Henrique da Silva, revela que, depois dos incêndios, não era possível afirmar se os animais, nascidos entre julho e agosto do ano passado, tinham sobrevivido.

“O fogo veio e queimou a área inteira dos lobos. Não atingiu os adultos porque eles estão monitorados, a gente viu que saíram do fogo. Só que a gente ficou sem saber dos filhotes, porque não tinhamos como vê-los. Não apareciam nas nossas câmeras. Então a gente ficou muito apreensivo. Porque a perda de uma vida é uma perda muito grande para a biodiversidade”, relembra Douglas da Silva.

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Douglas explica que uma primeira aparição foi registrada no Natal do ano passado, mas de apenas um lobo filhote. Depois do registro em dezembro, os pesquisadores ficaram um tempo sem conseguir ver os animais. Foi quando, no dia 13 de fevereiro, outra aparição foi registrada. Alguns dias depois, no dia 18 de fevereiro, os dois filhotes foram vistos juntos próximos à mãe.

Lobos-guarás do Caraça

Os lobos-guarás são símbolos do Caraça e uma das atrações mais aguardadas pelos visitantes, que acompanham sua visita noturna à igreja do Santuário e o ‘jantar’ dos animais.

Ao todo, Douglas da Silva estima que seis lobos-guarás transitem pelo Santuário. Desses, apenas os filhotes não contam com nenhum tipo de monitoramento. “A gente tem três lobos monitorados com um rádio colar e tem uma loba jovem, que tem um brinco. Ela tem uma marcação, mas não tá com o rádio colar não”, detalha o coordenador ambiental.

Os animais são monitorados por meio do projeto “Turismo de Observação do lobo-guará como ferramenta de conservação”, que foi contemplado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), através da Plataforma Semente, e com apoio do Instituto Chico Mendes (ICMBIO) para auxiliar na preservação e cuidados com o animal, que está ameaçado de extinção.

Tipos de monitoramento

Duas metodologias auxiliam no monitoramento dos lobos-guarás, o uso de rádio colar, que mostra os caminhos percorridos pelos animais e as armadilhas fotográficas. Esse último é conhecido com Trap.

Essas armadilhas são espalhadas pela natureza e possuem um sensor de calor e movimento, que disparam de forma automática assim que um animal passa pela frente.

Filhotes também serão monitorados

Douglas da Silva explica que, em maio, os filhotes vão ganhar um brinco de marcação, assim como a loba jovem. Além disso, também será feita uma avaliação de saúde para avaliar possíveis riscos para os animais, que sofrem com as mesmas doenças que animais domésticos.

Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas