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Pesquisadores brasileiros desenvolvem primeira vacina contra vírus que mata filhotes de elefantes

Imunizante criado por cientistas do Brasil e do Reino Unido pode ajudar na conservação da espécie, ameaçada de extinção

Pesquisadores brasileiros desenvolvem primeira vacina contra vírus que mata filhotes de elefantes

Pesquisadores do Brasil e do Reino Unido desenvolveram a primeira vacina contra o herpesvírus endoteliotrópico dos elefantes (EEHV), uma das principais causas de morte de filhotes da espécie. O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications e contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A vacina se mostrou segura e capaz de ativar as chamadas células T — responsáveis por combater infecções —, o que indica boa resposta do sistema imunológico dos animais. “Obtivemos uma resposta celular positiva, o que é essencial nesse tipo de caso”, explicou o pesquisador Helder Nakaya, da USP e do Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, na última sexta-feira (3).

Segundo ele, vacinas que estimulam apenas a produção de anticorpos nem sempre são eficazes contra vírus com vários tipos, como o herpes que afeta os elefantes. “Uma resposta humoral pode até piorar a doença, como ocorre na dengue”, disse.

Atualmente, restam menos de 40 mil elefantes-asiáticos na natureza. A espécie é classificada como ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Os testes foram realizados com três elefantes asiáticos adultos do Zoológico de Chester, no norte da Inglaterra. Nenhum apresentou efeitos colaterais, mas as análises de sangue mostraram que a vacina ativou o sistema imunológico dos animais, reforçando sua segurança. A expectativa é que o imunizante ajude a prevenir a forma mais letal da doença, que pode matar filhotes de um a oito anos em até 24 horas.

Pesquisadores acreditam que o vírus é transmitido por elefantes adultos — naturalmente imunes — durante o desmame dos filhotes. Outra vantagem é a facilidade de transporte: a vacina pode ser armazenada entre 2°C e 8°C, o que permite o uso em zoológicos e também em populações selvagens.

O estudo foi coordenado pelo professor Falko Steinbach, da Universidade de Surrey, no Reino Unido, e também contou com a participação do pesquisador Frederico Moraes Ferreira, da Faculdade de Medicina da USP.

Segundo Nakaya, a próxima fase da pesquisa deve testar a vacina em um número maior de animais. “Se os resultados continuarem positivos, a imunização poderá ser usada em zoológicos e também na natureza, o que ajudaria muito na conservação das espécies”, afirmou.

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), já trabalhou na Record TV e na Rede Minas. Atualmente é repórter multimídia e apresenta o ‘Tá Sabendo’ no Instagram da Itatiaia.