O Índice de Energia Elétrica (IEE) da
Após um 2024 marcado por incertezas que causaram uma queda de 16,8% no indicador, o setor virou o jogo neste ano e apresenta resultados consideráveis frente a um cenário desafiador da economia, com a expansão fiscal
Segundo explica o analista do setor elétrico e saneamento da Genial Investimentos, Vitor Sousa, os ativos vinham de uma base depreciada em termos de avaliação. Nesse caso, com as ações muito baratas, o que ele classificou como uma “fagulhas” fizeram com que as ações respondessem positivamente.
O primeiro ponto citado pelo especialista foi um alívio nos juros de longo prazo das notas do tesouro nacional. Como as empresas de energia são de capital intensivo, necessitando de bilhões em investimentos para seus projetos, juros altos fazem com que essas empresas tenham dificuldade para encontrar financiamento.
“Aconteceu o que a gente chama de fechamento de curva. Sempre que o rendimento desses títulos aumentam, os ativos reais sofrem. O que aconteceu foi exatamente o oposto, os juros desses títulos mais longos começaram a cair um pouco, então as empresas de infraestrutura se recuperaram um pouco”, explicou Sousa à Itatiaia.
Outro ponto fundamental para analisar o momento do setor é o preço da energia definido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Entre 2023 e 2024, o
O efeito Eletrobras
Em parte, o boom do IEE se deve pela
O governo, que possui cerca de 40% de participação na Eletrobras, protestava que o modelo de desestatização limitou o seu poder de voto nas assembleias de acionistas em até 10%. O imbróglio foi resolvido com um acordo firmado em março deste ano, onde abriu mão de aumentar esse percentual em troca do aumento do número de assentos no Conselho de Administração da empresa de sete para dez, sendo que essas três cadeiras são da União.
“A Eletrobras saiu com um acordo da ação direta de inconstitucionalidade, e começou a se recuperar muito bem. Se você olhar o gráfico, vai ver que no horizonte de um ano e meio, ela chegou a ação chegou a valer R$ 35, e agora está caminhando para os R$ 60. Não é comum uma empresa desse tamanho dobrar de valor em um ano, mas a medida que esses eventos começaram a acontecer, vários nós foram desfeitos”, destacou o analista da Genial.
A Eletrobras tem a maior participação do Índice de Energia Elétrica, com 7,8% do total, enquanto as outras empresas possuem cerca de 6%. No intervalo de nove meses, a empresa saiu de um valor de mercado de R$ 78,4 bilhões para R$ 126,1 bilhões. (Coelce)
Outras empresas seguem essa tendência de forte valorização. A Companhia Paranaense de Energia (Copel), teve um avanço de 43,41%. Suas ações, que eram negociadas a R$ 9,09 no início de janeiro, estão cotadas a R$ 13,05. Os papéis da CPFL Energia, de São Paulo, sairam de R$ 31,42 para R$ 39,48, uma valorização de 24,98%.
O que esperar do futuro?
Enquanto o setor de energia elétrica global discute o momento da transição energética e a redução das emissões de carbono, Vitor Sousa ressalta que as empresas brasileiras já possuem um portfólio limpo. “A transição energética já aconteceu. Essas empresas já estão no século XXI. Quando a gente pensa nas empresas puramente elétricas,
O especialista explica que os desafios estão em outras frentes regulatórias, como a questão dos curtailment, que é o corte na geração quando há um excesso de energia renovável que o
No início de setembro, Vitor Sousa escreveu um relatório temático para a Genial com o título “Da expansão renovável ao desafio da estabilidade: quem ganha com o novo modelo elétrico?”. Nele, o analista ressalta os problemas sistêmicos da matriz energética e a necessidade de expansão da infraestrutura de distribuição.
“A solução está relacionada a investir mais em transmissão para melhorar o escoamento dessas fontes, instaladas principalmente no Nordeste. Você também tem toda uma questão regulatória que envolve leilões de potência por parte das geradoras, contratação de energia para o atendimento da demanda na ponta. Enfim, não é uma resposta fácil”, completou
Empresas do IEE B3
Código de negociação | Empresa | Cotação em 17/10 |
ALUP11 | Alupar | R$ 31,48 (22,71%) |
AURE3 | Auren | R$ 10,93 (24,49%) |
CMIG4 | Cemig | R$ 10,83 (-2,43%) |
COCE5 | Coelce | R$ 29,50 (18,95%) |
CPLE6 | Copel | R$ 13,05 (43,41%) |
CPFE3 | CPFL Energia | R$ 39,48 (24,98%) |
ELET3 | Eletrobras | R$ 54,63 (59,97%) |
ENGI11 | Energisa | R$ 50,24 (38,78%) |
ENEV3 | Eneva | R$ 16,70 (65,35%) |
EGIE3 | Engie Brasil | R$ 40,06 (12,85%) |
EQTL3 | Equatorial | R$ 36,33 (32,65%) |
ISAE4 | Isa Energia | R$ 24,23 (4,39%) |
NEOE3 | Neoenergia | R$ 29,20 (54,42%) |
SRNA3 | Serena | R$ 12,47 (126,73%) |
TAEE11 | Taesa | R$ 36,67 (11,53%) |