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Israel mata líder do Hezbollah em novo ataque no Líbano; grupo nega morte de chefe

Na madrugada deste sábado, o Exército israelense anunciou uma nova rodada de ‘bombardeios seletivos’ contra depósitos de armas do Hezbollah escondidos ‘sob edifícios civis’ no sul de Beirute

Hassan Nasrallah foi morto no Líbano

O líder do Hezbollah, grupo terrorista que atua na região do Líbano, Hassan Nasrallah, foi morto no ataque aéreo de Israel a Beirute nesta sexta-feira (27), informou o exército israelense. O óbito, no entanto, é negado pelo grupo, que garantiu à Agence France Presse (AFP) que Nasrallah está bem.

Na madrugada deste sábado, o Exército israelense anunciou uma nova rodada de “bombardeios seletivos” contra depósitos de armas do Hezbollah escondidos “sob edifícios civis” no sul de Beirute, acusações que o movimento pró-iraniano classificou como “falsas”.

O Ministério da Saúde libanês informou que os ataques aéreos deste sábado em Beirute causaram pelo menos seis mortes e 91 feridos, embora os socorristas ainda estivessem buscando possíveis sobreviventes sob os escombros.

A Força Aérea israelense também atacou “alvos terroristas” na cidade de Tiro e anunciou ter matado vários comandantes do Hezbollah no sul do Líbano, incluindo o comandante da unidade de mísseis e seu adjunto.

Além disso, aeronaves israelenses sobrevoaram o aeroporto de Beirute e seus arredores para impedir que o Irã envie carregamentos de armas para o Hezbollah, explicou o Exército.

Bombardeios de Israel

Israel bombardeou intensamente na madrugada deste sábado (28) os subúrbios do sul de Beirute, após atacar na véspera o quartel-geral do Hezbollah com o objetivo, segundo a mídia israelense, de matar o líder do movimento islâmico, Hassan Nasrallah.

As chamas de múltiplos incêndios iluminaram o céu noturno de Beirute. A emissora local Al-Manar, afiliada ao Hezbollah, relatou “ataques sionistas sucessivos” contra pelo menos cinco bairros no sul da capital, reduto deste poderoso ator político e militar libanês.

Centenas de famílias fugiram da região após um aviso do Exército israelense de que realizariam ataques. Mergulhadas na escuridão devido à falta de eletricidade, as ruas, normalmente desertas nesse horário, lotam cheias de congestionamentos.

“Estávamos em casa quando recebemos a ordem de evacuar. Pegamos nossos documentos de identidade, nossas coisas e saímos”, disse à AFP Radwan Msallam, um refugiado sírio e pai de seis filhos que agora não tem “nenhum lugar para ir”.

A nova campanha de bombardeios contra a capital libanesa começou na tarde de sexta-feira, poucas horas depois do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarar na ONU que os ataques continuariam “até que todos os seus objetivos fossem alcançados”.

“Deter Netanyahu”

Esta nova série de bombardeios e o discurso bélico de Netanyahu na Assembleia Geral da ONU, boicotado por várias delegações, inclusive do Brasil, praticamente acaba com as esperanças de um cessar-fogo temporário de 21 dias propostas no início da semana pelos Estados Unidos e França.

“Ninguém parece capaz de deter Netanyahu”, lamentou o alto representante da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, que disse que os únicos que podem conter a escalada são os Estados Unidos, principal aliado e fornecedor de armas para Israel.

O secretário do Estado americano, Antony Blinken, pediu para que ambas as partes “parem de atirar”, enquanto o presidente Joe Biden afirmou que Washington não foi informado sobre a nova operação israelense.

O Irã, aliado do Hezbollah e do movimento palestino Hamas, garantiu que os novos ataques contra Beirute são específicos de um “crime de guerra” e prometeu um “castigo justo”.

Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, denunciou a “cumplicidade dos Estados Unidos nos crimes” de Israel e as “ameaças escandalosas” feitas por Netanyahu em Nova York.

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“Guerra genocida”

Em “resposta” ao ataque contra seu quartel-geral, o Hezbollah lançou um “salva de foguetes” contra uma localidade de Safed, no norte de Israel, um dos quais atingiu uma casa, segundo o Exército israelense.

No denso bairro de Haret Hreik, em Beirute, onde está localizado a sede do Hezbollah, os projetos israelenses deixaram seis enormes crateras de vários metros de profundidade, toneladas de escombros e uma espessa nuvem de poeira cinza.

“Eu estava em casa. Meu Deus, que explosão! Pensei que o prédio fosse cair sobre mim”, exclamou Abir Hammoud, professor de cerca de 40 anos.

Depois do ataque, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, acusou Israel de realizar uma “guerra genocida” contra o seu país.

Os confrontos entre Israel e o Hezbollah se intensificaram desde o início da guerra em Gaza, há um ano, e deixaram mais de 1.500 mortos, um saldo superior ao provocado pela última guerra entre ambos em 2006.

O conflito em Gaza ameaça arrastar todo o Oriente Médio para “o abismo de uma guerra generalizada com consequências inimagináveis”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Os bombardeios israelenses sobre o Líbano nesta semana mataram mais de 700 pessoas, segundo as autoridades sanitárias, e deixaram cerca de 118 mil deslocados, de acordo com a ONU.

A situação pode piorar. O Exército israelense indicou que se preparava para uma possível incursão terrestre contra o Hezbollah, que seria “a mais curta possível”, disse um oficial de segurança israelense.

Até a vitória final

Em meados de setembro, Israel anunciou que o “centro de gravidade” da guerra contra o Hamas em Gaza estava se deslocando para a fronteira com o Líbano para garantir o retorno de dezenas de milhares de moradores do norte de Israel, deslocados pelos ataques do Hezbollah , para suas residências.

Do tribunal da ONU, Netanyahu também prometeu lutar até “uma vitória total” em Gaza se o Hamas não entregar as armas e libertar todos os reféns.

O conflito entre o Exército israelense e o Hamas na Faixa de Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.205 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses que inclui reféns que morreram ou foram assassinados em cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas, 97 permaneceram em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.

Em retaliação, Israel lançou uma intervenção na Faixa de Gaza que já deixou 41.534 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confidenciais pela ONU.

O que é Hezbollah?

O Hezbollah é um grupo terrorista que surgiu em 1982, durante a Guerra Civil Libanesa, e é atualmente a maior força militar do país. Apesar de atuar no Líbano, o grupo é apoiado pelo Irã, de quem recebe financiamento, armamento e treinamento. Eles têm grande influência na política libanesa, incluindo o poder de veto nas decisões tomadas pelo governo.

Assim como o Hamas, o grupo libanês também defende o fim do Estado de Israel. Eles são mais poderosos do que os terroristas da Faixa de Gaza e seguem os princípios mais tradicionais do Alcorão e da Sharia (Lei Islâmica), recebendo apoio de boa parte da população local. Hezbollah significa “Partido de Deus” em árabe.

Apesar de não ter um cargo público, Nasrallah se tornou uma das figuras mais influentes do Líbano ao assumir o comando do Hezbollah em 1992, depois do assassinato do então líder do grupo, Sayyad Abbas Musawi, por Israel. Sob sua gestão, o movimento cresceu tanto em poder militar quanto em influência política, por meio de uma série de iniciativas sociais para comunidades xiitas, chegando inclusive a receber gabinetes em governos.

*Com informações de AFP


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Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.