A explosão nesta terça-feira (17) de centenas de pagers de membros do movimento islamista libanês Hezbollah, que deixou nove mortos e cerca de 2.800 feridos, marca uma “escalada extremamente preocupante”, alertou a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.
Os pagers ou ‘bipes’, dispositivos utilizados por membros do grupo terrorista Hezbollah para comunicarem entre si,
“O inimigo israelense é totalmente responsável por esta agressão criminosa [...] Israel receberá sem dúvida a sua punição justa”, afirmou o Hezbollah.
Conforme a Agência Nacional de Notícias do Líbano, a situação se iniciou em subúrbios na região sul de Beirute e, em seguida, se expandiu por outras várias regiões. Entre os mortos está o filho de um deputado do Hezbollah, Ali Ammar, disse à AFP uma fonte próxima ao movimento islamista.
Um dos feridos é Mojtaba Amani, embaixador do Irã no Líbano, que teve ferimentos leves e está em observação no hospital.
“Os acontecimentos de hoje marcam uma escalada extremamente preocupante em um contexto já (...) volátil”, afirmou Hennis-Plasschaert em um comunicado, no qual pediu a “todas as partes envolvidas a se absterem de qualquer ação (...) que possa desencadear uma conflagração mais ampla”.
Segundo o Ministério da Saúde, além dos nove mortos confirmados, cerca de 2.750 pessoas ficaram feridas. Devido ao grande número de feridos, a pasta convocou profissionais da saúde para voltarem com urgência ao trabalho.
O ministro da Saúde, Firass Abiad, afirmou que a maioria das vítimas apresenta ferimentos “no rosto, nas mãos, no abdômen e até mesmo nos olhos”.
Frente libanesa
As explosões ocorreram poucas horas depois que Israel anunciou que iria estender à sua fronteira com o Líbano os alvos da guerra, até então focada na luta contra o movimento islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza.
Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada em 7 de outubro de 2023 por uma incursão mortal de comandos do Hamas no sul de Israel, a fronteira com o Líbano tornou-se palco de confrontos de artilharia quase diários entre o Exército israelense e o Hezbollah, um aliado do movimento islamista palestino, que forçou dezenas de milhares de civis de ambos os países a se deslocaram.
À Itatiaia, o cientista político especialista em Israel em Oriente Médio, André Lajst, pontua que o ataque contra o Hezbollah é uma resposta aos contínuos conflitos entre o grupo terrorista e Israel. “Existe um problema em relação ao Hezbollah atacando Israel desde o dia 8 de outubro que acabou causando uma evacuação forçada de cerca de 70 mil israelenses”, comenta.
Conforme Lajst, além dos ataques feitos pelo Hezbollah no norte do Israel, o grupo tem reiteradamente violado a resolução 701, que determinou o fim da guerra do Líbano em 2006. “Ela prevê que nenhuma Força Armada pode estar abaixo do Rio Litani [no sul do Líbano], a não ser o exército Libanês ou as Forças Armadas da ONU. O Hezbollah viola essa resolução desde 2010", aponta.
*Com informações da AFP