O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, fez um discurso televisionado, nesta quinta-feira (19), falando sobre as explosões de pagers e walkie-talkies que deixaram 37 pessoas mortas e mais de 3 mil feridos nos últimos dois dias. Na avaliação do chefe do grupo extremista, o atentado foi uma “declaração de guerra” por parte de Israel e violou “todas as convenções, leis e linhas vermelhas”.
Nasrallah também disse que o ataque foi um “golpe sem precedentes”, mas garantiu que isso não será o fim do Hezbollah. “Recebemos um golpe severo, mas eu asseguro que nossa estrutura não foi afetada. É verdade que, tecnologicamente, eles são muito inteligentes. Mas também são muito estúpidos, porque nunca conseguem alcançar seus objetivos”, declara.
O grupo extremista, de acordo com o líder, tinha mais de 4 mil pagers, mas nenhum deles pertencia ao alto escalão do Hezbollah.
Novas ofensivas no norte de Israel
O grupo extremista, em resposta, deixou dois soldados israelenses mortos. Eles foram identificados como o major reservista Nael Fwarsy, de 43 anos, e o sargento Tomer Keren, de 20.
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Essa nova ofensiva também acontece porque, agora, o objetivo de Hassan Nasrallah é impedir que os cidadãos israelenses que vivem no norte do país consigam voltar para as suas casas. “Nenhuma escalada militar, nenhum assassinato ou guerra total trará os residentes de volta à fronteira”, declarou o líder.
O chefe do Hezbollah avalia o novo conflito como uma “oportunidade histórica” para o grupo, e reiterou promessas de retaliação, com uma “punição justa”, mas não deu mais detalhes do que estaria por vir.
O que é Hezbollah?
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Assim como o Hamas, o grupo libanês também defende o fim do Estado de Israel. Eles são mais poderosos do que os terroristas da Faixa de Gaza e seguem os princípios mais tradicionais do Alcorão e da Sharia (Lei Islâmica), recebendo apoio de boa parte da população local. Hezbollah significa “Partido de Deus” em árabe.
Apesar de não ter um cargo público, Nasrallah se tornou uma das figuras mais influentes do Líbano ao assumir o comando do Hezbollah em 1992, depois do assassinato do então líder do grupo, Sayyad Abbas Musawi, por Israel. Sob sua gestão, o movimento cresceu tanto em poder militar quanto em influência política, por meio de uma série de iniciativas sociais para comunidades xiitas, chegando inclusive a receber gabinetes em governos.
*Sob supervisão de Enzo Menezes