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O resultado das urnas foi muito próximo disso:
Credibilidade
Manoel Vilas-Boas, diretor do Instituto Doxa, ressalta que os resultados deste ano confirmam a credibilidade das pesquisas eleitorais. Ele alerta, no entanto, que o eleitor deve ficar atento ao instituto que divulga resultados muito diferentes do esperado.
“Os acertos deste ano que ajudam a dar credibilidade para as pesquisas, mas o eleitor fica muito desconfiado e ressabiado com números estapafúrdios divulgados por alguns institutos que são mais vendedores de resultado para beneficiar algum candidato do que, de fato, uma pesquisa com critérios metodológicos”, explica.
Ele garante ainda que os métodos utilizados pelos institutos sérios são confiáveis. “Muita gente também questiona como uma amostra de, por exemplo, mil entrevistas possa representar a opinião de milhares ou milhões, por puro desconhecimento de como elas são realizadas. Quando os resultados coincidem, não são muito comentados, mas quando ocorrem erros, é um ‘Deus nos acuda’ e a credibilidade passa a ser questionada”.
2022 x 2024
Criticadas em 2022 após divergências entre as estimativas e os resultados das urnas, as pesquisas eleitorais recuperaram credibilidade e demonstraram força nas eleições municipais de 2024. Em todas as capitais do país, levantamentos feitos nos últimos dias antes da votação se aproximaram - e em alguns lugares cravaram - o resultado das urnas.
Em BH, por exemplo, Manoel Vilas-Boas explica queo cenário desenhado para o pleito deste ano foi diferente do que aconteceu na eleição anterior, de 2022.
“A disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro teve forte influência no voto, levando o eleitor na reta final a escolher o candidato que apoiava ou era apoiado por um ou outro. Assim, podemos citar como exemplo, São Paulo, onde Haddad aparecia nas pesquisas na frente de Tarcísio, que saiu vitorioso nas urnas, acompanhando a vitória de Bolsonaro no Estado. O mesmo aconteceu no Senado, com Márcio França na frente das pesquisas, perdendo para o astronauta Marcos Pontes, candidato do PL, partido do Bolsonaro. O inverso já aconteceu na Bahia: as pesquisas indicavam ACM Neto ganhando o primeiro turno contra Gerônimo, candidato PT. Abertas as urnas, quase Gerônimo leva no primeiro turno. Uma completa inversão, um estado onde Lula teve uma votação extraordinária e carregou o seu candidato”, explica
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Para Vilas-Boas, neste ano as presenças de Lula e Bolsonaro tiveram menor impacto. Ele explica que, no caso da capital mineira, a pesquisa Itatiaia/Doxa foi capaz de cravar o resultado com antecedência.
“Nessa eleição para prefeito, Lula e Bolsonaro não tiveram o peso da polarização como tivemos em 2022. Em Belo Horizonte não tivemos surpresas de última hora. Doxa cravou o resultado, Doxa e Itatiaia cavou o resultado de um campo coletado na terça e quarta, ou seja, três dias antes da eleição. Portanto, o eleitor já havia tomado a decisão de quem votar e nenhum outro fator mudou a sua opinião. Completamente diferente então de 2022”.