Debate em BH tem menção a ditadura, transfobia e confissão sobre vacina

Sete candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte participaram de último debate antes do primeiro turno das eleições

Sete candidatos participaram de debate na TV Globo

O último debate entre candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, realizado na noite desta quinta-feira (4) pela TV Globo, teve troca de farpas, tentativas de dobradinha e ataques pessoais. Além de temas propostos pela organização da emissora, candidatos também fizeram referências à ditadura militar, “transfobia” e até confissão sobre a não vacinação contra a covid-19.

Dos 10 candidatos à PBH, sete participaram do debate da Globo, todos eles filiados a partidos com representação no Congresso Nacional. Ficaram de fora Wanderson Rocha (PSTU), Lourdes Francisco (PCO) e Indira Xavier (UP) — apoiadores da candidata da Unidade Popular foram à porta da emissora protestar contra a falta de convite para o encontro e acabaram entrando em confronto com apoiadores de Fuad Noman (PSD).

O atual prefeito voltou a ser alvo de diversos adversários ao longo do debate, que durou mais de 2h30.

De olho no “voto útil”, Fuad começou o debate tentando atrair um eleitorado mais ligado à esquerda. Em uma pergunta destinada à deputada Duda Salabert (PDT), acusou seu adversário Bruno Engler (PDT) de “transfobia” ao citar dois projetos de lei assinados pelo parlamentar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

“Me assusa esta política que o deputado tem apresentado de combater essa população tão importante, como a LGBT”, criticou.

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A deputada federal do PDT chamou os projetos citados por Fuad de “espantalhos”, mas que quer resolver “problemas reais” da cidade. Em seguida, criticou o prefeito por ações contra a comunidade LGBT na capital mineira.

“O senhor citou o deputado, mas sancionou uma lei que proíbe pessoas trans a entrarem no banheiro. E mandou retirar os adesivos LGBT do Centro de Referência, que foram criados na gestão Kalil e na sua. Não há nada no orçamento destinado a população LGBT”, criticou.

Duda e Fuad voltaram a entrar em um embate quando a parlamentar disse que o atual prefeito atuou no Exército, especificamente no 12º Batalhão de Infantaria, em Belo Horizonte, que ficou marcado como um centro de tortura e morte durante o regime militar.

Ao responder, Fuad cometeu duas gafes: uma ao chamar a ditadura de “revolução” — termo comumente usado a quem defende o regime de exceção — e outra ao dizer que alguma coisa “eventualmente” poderia ter acontecido no local.

“Pior do que Aécio Neves foi o período ditatorial. Presto minha solidariedade às famílias que foram vítimas desse período. É trágico que um prefeito relativize a ditadura militar, dizendo que o que houve foi uma revolução e que eventualmente aconteceu alguma tortura no batalhão”, afirmou.

Outro embate marcante do debate envolveu outro candidato com chances de ir ao segundo turno das eleições: Bruno Engler (PL).

De um lado, ele foi provocado por Carlos Viana (Podemos) ao ser questionado se teria se vacinado contra a covid-19.

“Você se vacinou contra a covid? Vai falar a verdade ou criar um cartão falso como o presidente Bolsonaro?”, questionou o senador — que foi candidato pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 ao Governo de Minas.

Engler se irritou e chamou o adversário de “papagaio da esquerda”.

“Eu não tomei a vacina da covid e sou a favor que a gente disponibilize todas as vacinas para quem quiser. O trabalho do prefeito é conscientizar e disponibilizar vacinas para todos que assim desejarem. Sou um candidato de direita”, completou.

Candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Engler também bateu boca com o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rogério Correia (PT).

Em uma pergunta cujo tema era saneamento básico, o petista questionou como o bolsonarista lidaria com o governo Lula para conseguir investimentos para a cidade. Engler respondeu que teria uma relação institucional e que Lula só seria presidente nos dois primeiros anos de uma gestão sua.

“Quando precisa resolver, senta com o presidente, com os ministros e leva as demandas”, disse.

Durante a discussão, Bruno Engler emulou o candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) ao tentar relacionar o adversário com uso de drogas.

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“Quem tem fama de usar substância que rima com cloroquina nao sou eu”, disse ao fazer um gesto que já havia sido feito pelo candidato à prefeitura paulista em um debate anterior.

“Você fala mentiras atrás de mentiras. Está com inveja do Pablo Marçal, achando que aquilo é tipo de fazer política e traz isso para cá. Eu fui relator, sujeito, da CPI do Narcotráfico e ajudei a PF a prender o Fernandinho Beira-Mar, se você quer saber. Toma cuidado porque vai ganhar um processo”, afirmou.


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Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.

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