O último debate entre candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte, realizado na noite desta quinta-feira (4) pela TV Globo, teve troca de farpas, tentativas de dobradinha e ataques pessoais. Além de temas propostos pela organização da emissora, candidatos também fizeram referências à ditadura militar, “transfobia” e até confissão sobre a não vacinação contra a covid-19.
Dos 10 candidatos à PBH, sete participaram do debate da Globo, todos eles filiados a partidos com representação no Congresso Nacional. Ficaram de fora Wanderson Rocha (PSTU), Lourdes Francisco (PCO) e Indira Xavier (UP) — apoiadores da candidata da Unidade Popular foram à porta da emissora protestar contra a falta de convite para o encontro e acabaram entrando em confronto com apoiadores de Fuad Noman (PSD).
O atual prefeito voltou a ser alvo de diversos adversários ao longo do debate, que durou mais de 2h30.
De olho no “voto útil”, Fuad começou o debate tentando atrair um eleitorado mais ligado à esquerda. Em uma pergunta destinada à deputada Duda Salabert (PDT),
“Me assusa esta política que o deputado tem apresentado de combater essa população tão importante, como a LGBT”, criticou.
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A deputada federal do PDT chamou os projetos citados por Fuad de “espantalhos”, mas que quer resolver “problemas reais” da cidade. Em seguida, criticou o prefeito por ações contra a comunidade LGBT na capital mineira.
“O senhor citou o deputado, mas sancionou uma lei que proíbe pessoas trans a entrarem no banheiro. E mandou retirar os adesivos LGBT do Centro de Referência, que foram criados na gestão Kalil e na sua. Não há nada no orçamento destinado a população LGBT”, criticou.
Duda e Fuad voltaram a entrar em um embate quando a parlamentar disse que o atual prefeito atuou no Exército, especificamente no 12º Batalhão de Infantaria, em Belo Horizonte, que ficou marcado como um centro de tortura e morte durante o regime militar.
Ao responder, Fuad cometeu duas gafes: uma ao chamar a ditadura de “revolução” — termo comumente usado a quem defende o regime de exceção — e outra ao dizer que alguma coisa “eventualmente” poderia ter acontecido no local.
“Pior do que Aécio Neves foi o período ditatorial. Presto minha solidariedade às famílias que foram vítimas desse período. É trágico que um prefeito relativize a ditadura militar, dizendo que o que houve foi uma revolução e que eventualmente aconteceu alguma tortura no batalhão”, afirmou.
Outro embate marcante do debate envolveu outro candidato com chances de ir ao segundo turno das eleições: Bruno Engler (PL).
De um lado, ele foi provocado por Carlos Viana (Podemos) ao ser questionado se teria se vacinado contra a covid-19.
“Você se vacinou contra a covid? Vai falar a verdade ou criar um cartão falso como o presidente Bolsonaro?”, questionou o senador — que foi candidato pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 ao Governo de Minas.
Engler se irritou e chamou o adversário de “papagaio da esquerda”.
“Eu não tomei a vacina da covid e sou a favor que a gente disponibilize todas as vacinas para quem quiser. O trabalho do prefeito é conscientizar e disponibilizar vacinas para todos que assim desejarem. Sou um candidato de direita”, completou.
Candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Engler também bateu boca com o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rogério Correia (PT).
Em uma pergunta cujo tema era saneamento básico, o petista questionou como o bolsonarista lidaria com o governo Lula para conseguir investimentos para a cidade. Engler respondeu que teria uma relação institucional e que Lula só seria presidente nos dois primeiros anos de uma gestão sua.
“Quando precisa resolver, senta com o presidente, com os ministros e leva as demandas”, disse.
Durante a discussão, Bruno Engler emulou o candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) ao tentar relacionar o adversário com uso de drogas.
“Quem tem fama de usar substância que rima com cloroquina nao sou eu”, disse ao fazer um gesto que já havia sido feito pelo candidato à prefeitura paulista em um debate anterior.
“Você fala mentiras atrás de mentiras. Está com inveja do Pablo Marçal, achando que aquilo é tipo de fazer política e traz isso para cá. Eu fui relator, sujeito, da CPI do Narcotráfico e ajudei a PF a prender o Fernandinho Beira-Mar, se você quer saber. Toma cuidado porque vai ganhar um processo”, afirmou.