Sem Pacheco, há possibilidade de eleição ao governo de Minas ser ‘resolvida à direita’

Sem o senador, o cenário se fecha ao centro e à esquerda no embate pelo governo de Minas, com os principais nomes, conforme pesquisas de opinião, caminhando à direita

Rodrigo Pacheco indicou aposentadoria da vida pública nesta terça-feira (18)

Sem Pacheco na corrida pelo Palácio Tiradentes, a eleição em Minas Gerais no ano que vem pode ser resolvida em uma disputa entre personagens à direita do espectro político. Cotado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o senador mineiro foi informado, nesta terça-feira (18), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que não será o escolhido para compor a Corte e, em entrevista à CNN Brasil, sinalizou “intenção de encerrar a vida pública” ao final de seu mandato de senador, em 2026.

Com isso, o cenário se fecha ao centro e à esquerda no embate pelo governo de Minas, com os principais nomes, conforme pesquisas de opinião, caminhando à direita. Dentre os pré-candidatos do campo conservador, há o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (PSD).

Há ainda a pré-candidatura de Gabriel Azevedo (MDB), anunciada no início deste mês, além da possibilidade de que o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PDT), que está, por ora, inelegível, concorrer à cadeira. Nenhum dos dois representa tradicionalmente pautas de esquerda, apesar de Kalil já ter tido apoio de Lula em 2022, quando foi derrotado ainda no primeiro turno por Romeu Zema (Novo), que ganhou a reeleição naquele ano.

Leia também

Pacheco era o preferido de Lula para o Palácio Tiradentes, e agora o PT, que tenta abarcar um “plano B” em Minas Gerais, fica sem representante claro na disputa ao governo do estado. O presidente nacional da sigla deve vir a Belo Horizonte no fim de novembro para reuniões com as eleições do ano que vem na pauta.

O cientista político Adriano Cerqueira avalia que há a possibilidade de um segundo turno entre dois candidatos à direita em 2026, caso não haja uma aglomeração de candidaturas no campo conservador no pleito.

“Vejo que em Minas o legado negativo do Fernando Pimentel persiste, a esquerda, principalmente o PT, está desestruturada. Tem nomes como a Marília, mas não se projeta tanto assim no estado. Tudo indica uma guinada mais à direita”, pontua o professor.

Ele lembra que, pela importância eleitoral de Minas Gerais no cenário nacional, o PT ainda precisará de um palanque para Lula no estado, mas Cerqueira projeta que uma candidatura à esquerda ou centro-esquerda servirá apenas como “suporte” para a campanha do atual presidente.

“No limite, se houver um canibalismo no bom sentido da palavra entre Cleitinho e Simões, talvez uma candidatura mais à esquerda consiga pegar um terço do eleitorado. A chance que a esquerda tem em Minas é não se fragmentar em muitas candidaturas e torcer nesse processo de candidaturas competitivas à direita acontecer. Provavelmente possa haver um segundo turno com uma candidatura mais à direita”, completa.

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.

Ouvindo...