Sem Pacheco para 2026, PT mineiro tem desafio de driblar fracassos recentes

A saída para a esquerda pode estar entre duas mulheres do Partido dos Trabalhadores

Bandeira do Partido dos Trabalhadores

A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Palácio do Planalto na última segunda-feira (17) posicionou o PT mineiro em uma situação delicada. O encontro terminou com o petista informando que o parlamentar seria preterido na disputa por uma vaga no Supremo Tribunal Federal. O mineiro, por sua vez, respondeu ao anúncio dizendo que deixará a vida pública ao fim de seu mandato, declinando da possibilidade de concorrer ao Governo de Minas Gerais com o apoio da esquerda.

Desde fevereiro de 2024, quando veio pela primeira vez a Minas neste mandato, Lula fala abertamente que pretende lançar Pacheco na disputa pelo Executivo Estadual. Com o senador fora do páreo, os petistas mineiros se veem forçados a uma introspecção e encontram em seus quadros nomes que fracassaram nas eleições anteriores. Há mais de uma década o partido não figura sequer no segundo turno na disputa pelo Governo de Minas e ainda acumula derrotas eleitorais de nomes fortes do partido nas disputas municipais.

A última vitória eleitoral do PT na disputa pelo governo estadual se deu em 2014, quando Fernando Pimentel foi eleito no primeiro turno contra Pimenta da Veiga (PSDB) com 52,38% dos votos ante 41,89% do tucano.

No pleito seguinte, o incumbente Pimentel sequer chegou ao segundo turno. O então governador teve apenas 23,12% dos votos e terminou na terceira posição atrás de Antônio Anastasia (então no PSDB) e de Romeu Zema (Novo). No segundo turno, o novato Zema levou a melhor sobre o experiente tucano com 71,8% dos votos válidos.

Na eleição de 2022, o PT não lançou candidatura própria e fechou uma dobradinha com PSD. O partido gerido por Gilberto Kassab lançou o então prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, na disputa e os petistas foram representados por André Quintão como candidato a vice.

A chapa PSD/PT foi frustrada no primeiro turno. Zema se reelegeu já na primeira votação com 56,18% dos votos contra 35,08% de Kalil. Carlos Viana, que disputou o pleito pelo PL, terminou com 7,23% das escolhas válidas dos eleitores.

Eleições para a Prefeitura de BH

Neste intervalo de pouco mais de uma década, o PT também acumulou fracassos na tentativa de levar a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) com um candidato próprio. De novo, Pimentel foi o último nome de sucesso, quando se reelegeu prefeito em 2004 no primeiro turno amealhando 68,49% dos votos.

Em 2008, o PT não lançou candidatos e, numa inusitada dobradinha com o então governador Aécio Neves (PSDB), apoiou Márcio Lacerda (PSB). Ele foi eleito no segundo turno com 59,21% dos votos válidos contra Leonardo Quintão (PMDB).

Lacerda foi reeleito no primeiro turno no pleito seguinte, desta vez já sem o apoio do PT. Patrus Ananias, ex-prefeito de BH e quadro histórico do PT mineiro, ficou pelo caminho com 40,8% dos votos válidos.

Em 2016, outro quadro forte do PT mineiro tentou a PBH e falhou. O deputado federal Reginaldo Lopes entrou na disputa e amargou a quarta colocação com 7,27% dos votos. Aquele pleito foi decidido no segundo turno com Kalil batendo João Leite numa votação apertada de 52,98% contra 47,02%.

Em 2020, Kalil foi reeleito no primeiro turno deixando pelo caminho outro petista histórico: Nilmário Miranda teve apenas 1,88% dos votos naquela eleição. O percentual lhe rendeu apenas a sexta colocação, atrás de Bruno Engler (então no PRTB), João Vítor Xavier (Cidadania); Áurea Carolina (PSOL) e Rodrigo Paiva (Novo).

Na última eleição, o deputado federal Rogério Correia foi a escolha do PT para o Executivo da capital mineira. Ele teve 4,37% dos votos e repetiu a sexta posição da disputa que terminou com Fuad Noman (PSD) derrotando Bruno Engler (PL) no segundo turno.

Embora tenha fracassos recentes na capital, vêm de prefeituras de grandes cidades mineiras duas das alternativas internas do PT. Reeleita em 2024 em Contagem, quando garantiu seu quarto mandato no comando da terceira maior cidade do estado (649 mil habitantes), Marília Campos é um dos nomes cotados para concorrer ao pleito pelo Partido dos Trabalhadores.

Margarida Salomão, prefeita de Juiz de Fora em seu segundo mandato, também é citada dentro da legenda como um quadro qualificado. A cidade na Zona da Mata é a quarta mais populosa do estado, com 565 mil habitantes.

Presidente do PT diz que partido segue em diálogo com outros partidos

Em nota, a presidente estadual do PT em Minas Gerais, deputada estadual Leninha, afirmou que o partido respeita o posicionamento de Pacheco, e que segue aberto ao diálogo com outras legendas e representantes do campo democrático. “Nosso objetivo é construir candidaturas comprometidas com o desenvolvimento de Minas e do Brasil. Portanto, no momento oportuno, iremos anunciar nossas decisões”, diz o texto.

Leia também

Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

Ouvindo...